O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, 19, durante discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que há um risco de golpe contra o presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo, e disse que o Brasil seguirá denunciado o embargo dos Estados Unidos a Cuba e a tentativa de classificar o país como patrocinador do terrorismo.
“É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e que surgem ou ganham vigor novas ameaças. Bem o demonstra a dificuldade de garantir a criação de um Estado para o povo palestino. A este caso se somam a persistência da crise humanitária no Haiti, o conflito no Iêmen, as ameaças à unidade nacional da Líbia e as rupturas institucionais em Burkina Faso, Gabão, Guiné-Conacri, Mali, Níger e Sudão. Na Guatemala, há o risco de um golpe, que impediria a posse do vencedor de eleições democráticas", disse Lula em discurso.
“As sanções unilaterais causam grande prejuízos à população dos países afetados. Além de não alcançarem seus alegados objetivos, dificultam os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos. O Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo", afirmou. “Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria".
Ao mencionar a guerra da Ucrânia, que segundo ele evidencia a incapacidade das Nações Unidas, Lula reiterou sua defesa sobre a necessidade de reformar o colegiado. “Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Tenho reiterado que é preciso trabalhar para criar espaço para negociações. Investe-se muito em armamentos e pouco em desenvolvimento. No ano passado os gastos militares somaram mais de 2 trilhões de dólares. As despesas com armas nucleares chegaram a 83 bilhões de dólares, valor vinte vezes superior ao orçamento regular da ONU. Estabilidade e segurança não serão alcançadas onde há exclusão social e desigualdade".
Marcando um ponto em comum com a fala do ex-presidente Jair Bolsonaro no ano passado, Lula fez mais críticas ao Conselho de Segurança da ONU que, segundo ele, está perdendo sua credibilidade. "Essa fragilidade decorre em particular da ação de seus membros permanentes que travam guerras em busca de ampliação territorial ou troca de regimes".
“Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia", completou. *Com informações da Reuters