O ex-presidente e candidato ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condenou nesta sexta-feira mais um caso de violência política que terminou com a morte de um simpatizante do PT, e cobrou as autoridades a investigarem se existe alguma forma de estratégia política por trás dos assassinatos.
Lula afirmou, em entrevista coletiva após ato de campanha no Rio de Janeiro, que o país está caminhando para uma "selvageria jamais vista". Segundo ele, as duas mortes de petistas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que é candidato à reeleição, uma no Mato Grosso, nesta sexta, e outra no Paraná, em julho, sugerem que as pessoas estão sendo induzidas a um comportamento violento.
"Isso não é da nossa parte... agora não é mais briga. É um cara que vai no aniversário de outro e mata o cara; um colega de trabalho que mata o outro. Isso é gravíssimo e espero que a polícia esteja atenta, e a própria Justiça Eleitoral, para ver se isso tem ordem, orientação ou é uma estratégia de política", afirmou.
Mais cedo nesta sexta-feira, am apoiador de Bolsonaro matou a facadas um simpatizante de Lula após uma briga entre ambos motivada por divergência política em uma chácara na zona rural no município de Confresa, no Mato Grosso, de acordo com a Polícia Civil do Estado.
É a segunda vez neste ano que um apoiador de Bolsonaro mata um simpatizante de Lula, em mais um incidente de uma campanha tensa e pontuada por episódios de violência política. Em julho, em Foz do Iguaçu, no Paraná, o guarda municipal e dirigente local do PT Marcelo Arruda foi assassinado a tiros pelo policial penal federal bolsonarista José Guaranho durante sua festa de aniversário de 50 anos, que tinha o ex-presidente como tema.
Questionado se não deveria haver uma trégua, Lula disse que o presidente não vai reconhecer que a incitação à violência seria da parte dele. "Como se pode fazer trégua?", disse. Procurado, o Palácio do Planalto não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
Para Lula, muito dessa conduta violenta tem a ver com decretos do governo liberando a compra de armas e munições.
"Agora estamos vendo o país tomado por um comportamento sui generis. As pessoas estão sendo induzidas a uma violência exacerbada num país que tomou a decisão de fazer decreto facilitando a venda de armas. No meu governo a gente recolheu 620 mil armas no país. Nós temos agora uma cidadão na Presidência liberando armas à vontade, não importa o calibre e a quantidade de cartuchos", afirmou.