BRASÍLIA - Depois de assistir à exposição de divergências entre integrantes da equipe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará nesta sexta-feira, 5, a primeira reunião ministerial de seu terceiro mandato para impor um "freio de arrumação" na Esplanada. O encontro, com 37 ministros, servirá para Lula enquadrar seus aliados, que já produziram três situações de desgaste em menos de uma semana.
Na lista está a declaração do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), de que pretende fazer uma revisão da reforma previdenciária promovida pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2019. Lupi acabou desautorizado pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa, que atribuiu a Lula a palavra final sobre anúncios de políticas estudadas nos ministérios.
Houve, ainda, mais um bate-cabeça entre ministros. Desta vez, entre o titular da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), e o da Defesa, José Múcio. Dino tem classificado os protestos de aliados de Bolsonaro em frente aos quartéis como "incubadoras de terroristas" e cobra o fim desses acampamentos. Múcio, por sua vez, diz que se trata de manifestações da democracia, quando pacíficas. O ministro contou que tem parentes acampados nesses locais.
O Estadão apurou que episódios como o de Lupi, Dino e Múcio devem fazer com que Lula cobre o alinhamento do discurso da equipe. A primeira semana da volta do petista ao Planalto foi marcada por reações duras do mercado financeiro a declarações dos ministros.
O futuro presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT), também provocou polêmica ao defender a revisão da política de preço de paridade de importação (PPI), que condiciona as mudanças nos preços dos combustíveis às movimentações internacionais.
Obras
A definição de obras prioritárias do governo também constará dos assuntos da reunião ministerial, já que boa parte delas pode integrar o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Além de Rui Costa, os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação) farão uma apresentação preliminar, com diagnósticos do início de governo.
Padilha disse que a Casa Civil dará um panorama de como estão as obras no País, mostrando "aquelas que podem ser retomadas rapidamente". Como mostrou o Estadão, Costa deve ser agora o "pai do PAC". Se no segundo mandato de Lula a ex-presidente Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil, recebeu a alcunha de "mãe do PAC" por figurar como "coordenadora" do programa, na volta do petista ao Palácio do Planalto a tarefa retorna novamente à alçada da pasta ligada à Presidência.