Marinete da Silva, a mãe da vereadora assassinada Marielle Franco, disse nesta quarta-feira, 30, que o processo que envolve os supostos mandantes do crime está avançando no Supremo Tribunal Federal (STF) e elogiou o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, afirmando que ele é uma "pessoa séria".
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Após as investigações, que levou à prisão dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, que começam a ser julgados nesta quarta-feira, 30, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e o chefe da Polícia Civil na época da morte, o delegado Rivaldo Barbosa, foram presos suspeitos de serem os mandantes do assassinato da parlamentar. O processo está no STF e os três suspeitos, que continuam presos em penitenciárias federais desde março, prestaram depoimento neste mês. A Primeira Turma do STF recebeu a denúncia em junho e deu início a um processo penal por organização criminosa e homicídio.
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"O processo está indo muito bem no STF. Isso não é um processo que corre aqui na 1ª instância e nós não temos nenhuma condição de fazer uma avaliação. Mas acho que até agora, as oitivas já aconteceram, os réus foram ouvidos esta semana, ontem mesmo já tinha gente sendo ouvida e vai seguir esse fluxo normal de um processo criminal dentro de uma instância superior que é o STF. Está sendo levado a sério, está caminhando, de março para cá a gente tem avançado nas investigações. Eles convocaram várias pessoas para depor a favor e contra e elas já foram ouvidas", afirmou Marinete, durante ato realizado nesta quarta-feira em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
"O Alexandre de Moraes é uma pessoa séria que está tocando esse processo. É fundamental que esses homens sejam condenados, a responsabilidade deles é tão grande quanto dos que executaram minha filha e o Anderson. Não tem como pensar diferente. Eles precisam ser responsabilizados. O mentor disso tudo. Isso só aconteceu porque alguém pagou e se sentiu à vontade para contratar um homem que era perigoso por matar as pessoas por dinheiro. A gente conta também com essa vitória [...] Eles são responsáveis, participaram ativamente, eles planejaram, são os mentores disso tudo, tanto o Rivaldo quanto a família Brazão, que a gente já imaginava", acrescentou a mãe de Marielle.
Ato no Rio de Janeiro
O Instituto Marielle Franco realizou um ato na manhã desta quarta em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, pedindo justiça pela vereadora e pelo motorista Anderson Gomes, assassinados em 2018. Após seis anos e meio das execuções, os réus confessos, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz vão a júri popular.
Além de dezenas de pessoas e o Movimento de Mães e Familiares Vítimas da Violência Letal do Estado, se juntaram ao ato a viúva de Anderson, Agata Arnaus, os pais e a filha de Marielle, além da irmã, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. O ex-deputado Marcelo Freixo (PT) também estava no local com a família. Após discurso, eles entraram no tribunal do Rio de Janeiro e o ato seguiu em passeata até o Buraco do Leme, onde há uma estátua de Marielle.
Julgamento de ex-policiais
O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz começa hoje, com depoimentos das testemunhas de acusação. A audiência será realizada no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, no Centro da capital fluminense.
A principal a ser ouvida será Fernanda Chaves, então assessora da parlamentar que estava no carro e foi a única sobrevivente do atentado. Além dela, são esperados depoimentos de outras oito testemunhas.
Marielle foi assassinada no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, na volta de um encontro de mulheres negras na Lapa. Durante o caminho, seu carro foi alvejado, vitimando a vereadora e o seu motorista Anderson. A assessora da parlamentar ficou ferida por estilhaços.
Lessa e Queiroz confessaram terem cometido o crime, que aconteceu em 14 de março de 2018. Eles respondem por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima) e pela tentativa de homicídio contra Fernanda.