Maia pede "equilíbrio" e "sensatez" nos postos de comando

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendeu a harmonia entre os Poderes e reiterou que "ninguém tem poder absoluto"

29 mai 2020 - 13h50
(atualizado às 14h01)
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia
08/08/2019
REUTERS/Amanda Perobelli
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia 08/08/2019 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o momento exige que todos os que ocupam postos de comando terem "equilíbrio" e "sensatez" e pontuou, ao defender que a harmonia entre os três Poderes segue essa premissa, que "ninguém tem poder absoluto".

Questionado em entrevista à rádio Bandeirantes se o momento pede que os ânimos sejam apaziguados, Maia lembrou que existem meios legais de se recorrer das decisões de cada Poder. Maia, assim como o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), baixaram o tom após o tensionamento político crescente com Jair Bolsonaro em função de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) tendo Bolsonaro ou aliados dele como alvos.

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"Está na hora daqueles que comandam, todos nós, termos mais equilíbrio, mais sensatez, mais diálogo. E mostrar em conjunto as soluções", defendeu o deputado.

"Porque se cada um caminhar de uma forma, a sociedade recebe a informação e cada um faz de um jeito, então isso vai acabar gerando um resultado para a economia ainda pior e vai resultar, pior do que isso, em um número maior de mortos que poderia ser evitado."

O presidente da Câmara argumentou que o princípio dos três Poderes é organizado de forma a garantir o equilíbrio, lembrando que o presidente da República pode vetar um projeto do Legislativo, caso discorde, que há possibilidade de recursos à Justiça e que o Congresso também tem prerrogativas de rever algumas das decisões dos outros Poderes.

"Precisamos respeitar o devido processo legal, as instâncias do Supremo, respeitar o Judiciário, respeitar o Parlamento e, claro, respeitar o Poder Executivo, cada um na sua atribuição. Ninguém tem poder absoluto no Brasil, porque graças a Deus vivemos em uma democracia", afirmou, argumentando que "ataques" levam a conflitos e posições ainda mais radicalizadas.

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Maia avaliou ainda como "bom" o aceno do presidente Bolsonaro, que reduziu a artilharia em live no fim da quinta-feira. O deputado ponderou, no entanto, que é necessário "que a gente mantenha uma constância", enfatizando que referia-se a "todos".

Em mais um passo desse movimento de panos quentes, Alcolumbre chegou a conversar com Bolsonaro, na tarde quinta-feira, pedindo calma ao presidente.

A quinta-feira havia começado turbulenta. Pela manhã, Bolsonaro afirmou, visivelmente irritado, que não haveria mais outro dia como o anterior, em referência à operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão na véspera contra aliados acusados de envolvimento na produção e distribuição de fake news.

"Não teremos outro dia igual a ontem. Acabou, porra!", disse Bolsonaro.

Mas na tradicional transmissão ao vivo no Facebook no fim do dia, ainda que tenha comentado a operação da PF, o presidente da República ensaiou uma aliviada no tom das críticas a ministros da Suprema Corte.

"Eu não quero brigar com Poder nenhum. Respeito todos os Poderes, mas a recíproca tem que ser verdadeira", disse.

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O presidente já vinha se irritando com o STF, alvo frequente de apoiadores, que em algumas manifestações chegam a pedir o fechamento do tribunal e a volta de instrumentos do regime militar, como o AI-5.

Na última sexta-feira, dia da divulgação de vídeo de reunião ministerial no âmbito de um outro inquérito que apura se houve interferência na PF, Bolsonaro avisou que jamais entregaria seu telefone celular STF e que só o faria se fosse um rato.

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