Maia pode acelerar a tramitação da reforma administrativa

PEC da reforma deve ir direto para comissão especial sem passar pela CCJ, disse o presidente da Câmara

9 out 2020 - 05h10
(atualizado às 07h19)

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sinalizou na última quinta-feira, 8, que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma administrativa pode ir direto para a comissão especial, sem passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), como antecipou o Estadão/Broadcast.

Rodrigo Maia
03/09/2020
REUTERS/Adriano Machado
Rodrigo Maia 03/09/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Qualquer PEC passa primeiro pela CCJ, que analisa se o texto não fere nenhum princípio da Constituição, mas a comissão ainda não foi instalada. Segundo Maia, se houver acordo nas próximas semanas para abrir os trabalhos do colegiado, a proposta seguirá seu curso normal de tramitação. Do contrário, a ideia é agilizar remetendo o texto diretamente à comissão especial usando alguma PEC que trata do assunto e já teve a admissibilidade aprovada pela CCJ. Assim, os dois textos seriam fundidos.

Publicidade

Para vencer qualquer resistência, em vez de um prazo mínimo de 11 sessões, como manda o regimento, a comissão especial teria esse piso ampliado em mais cinco ou seis sessões. "Isso dá mais tempo a quem é contra a proposta, o que também é legítimo", explicou.

Maia disse que está conversando com os líderes para que se possa iniciar a comissão especial "nas próximas duas ou três semanas". Apesar disso, ele reconheceu que a proposta não é a maior prioridade no momento e está atrás da PEC emergencial, que acionará gatilhos para conter despesas e descomprimir o teto de gastos (que limita o avanço das despesas à inflação), e da reforma tributária.

"Renda mínima (o novo programa pensado para substituir o Bolsa Família) não é na receita que vamos resolver; é cortando despesas. O problema é que nossas despesas crescem mais que a inflação", disse Maia. Ele reconheceu, porém, que a proposta que muda a forma como os servidores são contratados, promovidos e demitidos é polêmica. "Temos urgência na reforma administrativa, mas não devemos ter pressa", afirmou.

A reforma administrativa pretende criar cinco novos tipos de vínculos para servidores públicos, apenas um deles com garantia de estabilidade no cargo após três anos de experiência. O texto mantém a previsão de realização de concursos públicos, mas também vai permitir ingresso por seleção simplificada para alguns vínculos.

Publicidade

Trégua

Após a reconciliação com Maia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstrou "gratidão" ao deputado pelo apoio às reformas e buscou sinalizar convergência em prol da agenda econômica. "Estamos juntos pelas reformas. O Brasil está acima de quaisquer diferenças que possamos ter, e elas são pequenas", disse Guedes ao participar do lançamento da agenda legislativa da reforma administrativa. "Nossa agenda é convergente", afirmou o ministro, destacando que Maia tem apoiado as iniciativas da equipe econômica. "Trabalhamos juntos."

Na segunda-feira, Guedes e Maia se reconciliaram um mês após o presidente da Câmara anunciar publicamente o fim da interlocução com o ministro. Os dois se desentenderam e trocaram farpas publicamente. Guedes acusou Maia de formar um complô com a esquerda para barrar privatizações, e o deputado respondeu chamando o ministro de "desequilibrado".

Após o jantar do início da semana, porém, os dois fizeram questão de dar sinais públicos de sintonia. "Agradecemos sempre a esse Congresso reformista que tem nos apoiado", disse Guedes. "Tenho muita gratidão pelo apoio às reformas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia", afirmou.

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações