O major bolsonarista João Paulo Costa Araújo foi condenado a dois anos de prisão por desobedecer a norma do Exército que proíbe manifestações político-partidárias por parte de militares da ativa. O oficial foi preso preventivamente em maio do ano passado após ignorar alertas de superiores e continuar a usar seus perfis nas redes sociais para se apresentar como pré-candidato a deputado federal, além de fazer campanha para o então presidente Jair Bolsonaro.
O militar foi condenado em duas ações penais militares em julgamento realizado em 9 de março. Ainda cabe recurso ao Superior Tribunal Militar (STM).
Ao tomar posse na quinta-feira, 16, o presidente do STM, Francisco Joseli Parente Camelo, disse que "militares na política não fazem bem para as Forças Armadas". Ele defendeu a proposta do governo que obriga militares a se desligarem das Forças caso decidam participar de eleições.
Calado e de poucos amigos, Costa Araújo é visto no Exército como pessoa complicada. É alvo de três procedimentos disciplinares e dois inquéritos.
Costa Araújo é casado e tem uma filha e uma enteada. Nasceu em Campo Maior (Piauí), onde o pai, João Alves, participa da política local há 46 anos. Ele está no Exercito desde 2003 e pertence à Infantaria.
A prisão dele foi pedida pelos seus superiores da 10ª Região Militar. Em 21 de março do ano passado, a 10ª Região recebeu a Recomendação 2/2022 da Procuradoria Militar. O documento orientava os militares sobre atividade político-partidária, elegibilidade e crimes em razão da violação da Constituição. No dia 28, a 10ª Região determinou que a ordem fosse lida nas unidades.
Um dia depois, o 2º Batalhão de Engenharia de Construção, em Teresina, onde o major servia, promoveu, em formatura, a leitura do documento na presença dos oficiais, subtenentes e sargentos. Costa Araújo estava presente. Ouviu tudo. Mas continuou com as publicações e acabou condenado.