Manifestantes dividem bolo com PMs em protesto perto da casa de Cabral

22 jun 2013 - 21h26
(atualizado às 21h26)
<p>Manifestantes oferecem pedaços de bolo a policiais em um protesto perto da casa de Sérgio Cabral</p>
Manifestantes oferecem pedaços de bolo a policiais em um protesto perto da casa de Sérgio Cabral
Foto: AFP

Os manifestantes acampados na esquina da avenida Delfim Moreira com a Rua Aristides Espíndola, no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, próximo à casa do governador do Estado, Sérgio Cabral, distribuíram pedaços de bolo para os policiais militares, que estão no local para garantir a integridade de quem participa do protesto Ocupe a Delfim Moreira e o fechamento da Aristides Espíndola, entre a Delfim Moreira e a Rua General San Martin. É nesse trecho que está o prédio onde mora o governador.

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O bolo foi distribuído quando foram completadas 24 horas de permanência dos manifestantes no local. "Essa comemoração representa uma nova relação da população com a polícia, que aqui está agindo de maneira democrática", disse o estudante de direito da PUC Rio, João Pedro Menezes, um dos organizadores da manifestação - que, de acordo com ele, vai seguir até segunda-feira.

No fim da manhã e durante a tarde deste sábado, muitos manifestantes participavam do protesto junto com os filhos. Algumas crianças eram bebês de menos de 1 ano. As crianças brincavam em meio a cartazes, que entre outras mensagens pediam mudanças na política do país.

A única ocorrência policial foi a prisão de um motorista, que avançou o bloqueio da CET-Rio que isolava a manifestação na avenida Delfim Moreira. Ele foi levado para a 14ª DP, no Leblon, e preso por embriaguez ao volante e injúria por preconceito. O homem foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, mas se recusou a fazer exame de embriaguez. Ele pagou a fiança e foi liberado.

Na zona oeste da cidade, a Secretaria Municipal de Transportes, por causa de uma manifestação, interrompeu o trânsito na Avenida das Américas na altura da Estação Mato Alto. A interrupção suspendeu o serviço Santa Cruz - Alvorada do BRT Transoeste, corredor de ônibus com 40 quilômetros de extensão que liga bairros da zona oeste a alguns da zona norte.

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Na praia de Copacabana, zona sul do Rio, a ONG Rio de Paz colocou na areia 500 bolas de futebol pintadas com cruzes vermelhas. Elas representaram, segundo o presidente da ONG, Antônio Carlos Costa, 500 mil homicídios que aconteceram nos últimos 10 anos no Brasil.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

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A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

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A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil
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