Manobras de parlamentares da base governista evitaram nesta terça-feira a aprovação de requerimentos na CPI mista da Petrobras para convocar o presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado, e o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque. Durante a sessão, o deputado Enio Bacci (PDT-RS) disse ter sofrido pressão para não comparecer à sessão de hoje.
A reunião da CPI, que terminou em meio a gritos de protesto da oposição, começou esvaziada por deputados e senadores aliados ao governo. A comissão dependia da presença de 17 parlamentares para deliberar, mas, do PT, apenas o deputado Afonso Florence (RS) estava presente. A falta do relator, Marco Maia (PT-RS), foi justificada porque o deputado disse estar em repouso após um acidente de motocicleta.
Em meio a reclamações da oposição sobre o esvaziamento da CPI, o deputado do PDT, que integra a base aliada do governo, disse ter recebido entre sete e oito telefonemas de parlamentares governistas para não comparecer. Segundo ele, havia um cálculo do governo de que uma presença pudesse fazer diferença
“Sofri pressão todo o dia de hoje para que não viesse para dar quórum, inclusive ameaça de que seria substituído nessa CPI”, disse o deputado, ao pedir a palavra durante a reunião da comissão. “Se na semana que vem esse parlamentar não estiver mais aqui é porque eu vim dar quórum nesse momento para que votasse todos os requerimentos, todos os supostos envolvidos em corrupção”, acrescentou.
O presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado, foi citado em depoimento feito à Justiça pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ele disse ter recebido R$ 500 mil do dirigente para direcionar uma licitação. Machado pediu licença em meio às denúncias.
Presidente de CPI encerra reunião e oposição protesta
Sem número suficiente de parlamentares para votar os requerimentos, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), iniciou a oitiva do gerente de contratos da Petrobras, Edmar Diniz de Figueiredo, enquanto a oposição articulava a convocação de uma sessão extraordinária para votar as novas convocações.
Quando a sessão da CPI atingiu o quórum necessário para as votações, com a chegada de alguns parlamentares governistas, Vital encerrou os trabalhos, sob alegação de que o plenário do Senado iniciaria a apreciação de matérias. A oposição protestou aos gritos e o acusou de manobrar em favor do governo.
“Eu conduzo os trabalhos com a extrema rigidez. (...) Não posso coincidir reunião de comissão temporária, especial ou de inquérito com a ordem do dia”, disse o peemedebista a jornalistas, na saída da reunião. O deputado oposicionista Rubens Bueno (PPS-PR) interrompeu a entrevista aos gritos. “O senador Vital está assumindo a desmoralização do Congresso Nacional! Tem que assumir essa vergonha. Essa farsa que está sendo montada pelo Vital do Rêgo e da base do governo!”
Oposição nega acordo em CPI
Oposicionistas acusaram o governo de mentir ao anunciar um acordo para não investigar políticos, na semana passada. E acusaram a base aliada de desviar o foco das investigações.
“O relator mentiu ao dizer que fizemos um acordo para poupar quem quer que fosse”, disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). “Não participo do estelionato proposto pelo relator, que colocou na mesma vala partido que não têm nada a ver. O PSDB pediu a instalação da CPI, o PT, pelo que percebo, quer afundá-la”, disse.