Marina Silva impõe derrota a ministro do MME e Ibama barra projeto da Petrobras no rio Amazonas

Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, entendeu que projeto da Petrobras ainda apresenta "inconsistências preocupantes". Processo colocou Marina Silva e Alexandre Silveira em lados opostos da mesa

17 mai 2023 - 21h40
(atualizado às 22h02)
A ministra Marina Silva
A ministra Marina Silva
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, negou nesta quarta-feira, 17, pedido da Petrobras para explorar petróleo na foz do Rio Amazonas. Como revelou o Estadão, a questão virou um cabo de guerra entre os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede).

Com a decisão, Agostinho segue a área técnica do Ibama e dá a vitória a Marina Silva, que chegou a comparar o caso com a polêmica construção da usina de Belo Monte. Em 2008, ela rompeu com o governo petista devido à construção da hidrelétrica.

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Colegas partidários da ministra do Meio Ambiente defenderam a saída dela do governo caso o projeto fosse autorizado.

"Não restam dúvidas de que foram oferecidas todas as oportunidades à Petrobras para sanar pontos críticos de seu projeto, mas que este ainda apresenta inconsistências preocupantes para a operação segura em nova fronteira exploratória de alta vulnerabilidade socioambiental", aponta Agostinho, no despacho em que nega a licença ambiental.

O Ibama entende ser necessário retomar ações que competem à área ambiental para assegurar a realização de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS). Na prática, trata-se de um conjunto de estudos que medirá os riscos da atividade petroleira ao ecossistema e definirá se a exploração ali tem viabilidade ambiental.

A equipe écnica do órgão apontou também haver "inconsistências identificadas sucessivamente" e "notória sensibilidade socioambiental da área de influência e da área sujeita ao risco", destacando a necessidade de "avaliações mais amplas e aprofundadas".

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Para Suely Araújo, ex-presidente do Ibama e especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima, Agostinho agiu tecnicamente e de maneira correta. Ela pondera, contudo, que a decisão enseja um debate mais amplo sobre o papel do petróleo no futuro do país.

"O momento é de estabelecer um calendário para a eliminação dos combustíveis fósseis e acelerar a transição justa para os países exportadores de óleo, como o Brasil, e não de abrir uma nova fronteira de exploração", afirma Araújo. "Quem dorme hoje sonhando com a riqueza petroleira tende a acordar amanhã com um ativo encalhado, ou um desastre ecológico, ou ambos."

Procurados, o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras não se manifestaram.

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