Nesta terça-feira, dia em que Marta Suplicy pediu oficialmente sua desfiliação do PT, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) se mostrou aberto a parcerias futuras com a ex-ministra. Em evento realizado em São Paulo, o tucano afirmou considerá-la uma liderança política importante e um bom reforço para a oposição.
"É sempre positivo. Acho que ela é uma liderança importante, foi senadora por São Paulo, prefeita da cidade de São Paulo. Enfim, [a desfiliação] é uma decisão importante do ponto de vista político. Agora, parceria é um assunto do partido. É bom ouvir o presidente do PSDB. Historicamente, sempre tivemos candidatos à prefeitura de São Paulo. É a maior cidade do País", disse. Questionado se ela seria um bom reforço para a oposição, respondeu positivamente: "Sim. Claro que é".
Marta, que deve disputar a prefeitura da capital paulista em 2016 contra o petista Fernando Haddad, está sem sigla definida. O mais cogitado é uma suposta filiação ao PSB, partido de Márcio França, vice de Alckmin.
O governador comentou ainda os recentes pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Para ele, o esquema de pagamento de propinas descoberto na Petrobras "não é um caso isolado" e a retirada da petista do poder não deve ser o foco da discussão sobre corrupção.
"O importante nesse momento é a investigação. Não pode tirar o foco dela. É esse o objetivo. Esclarecer, fazer justiça. O objetivo não é fazer impeachment, é investigar. Impeachment pode ser uma consequência. A questão da Petrobras não é um caso isolado. De repente, a Petrobras foi premiada. Não. É um modelo de promiscuidade partidária de governo que não é limitado à estatal", afirmou.
As declarações foram feitas durante o “Encontros Exame”, evento realizado no terraço do prédio da Editora Abril que contou com almoço com empresários e uma palestra. Na conversa, Alckmin abordou os rumos da política e da economia da região, ressaltando uma série de números positivos de desenvolvimento do Estado - e arrancando sorrisos dos convidados a cada novo dado apresentado.
Os assuntos abordados foram, por exemplo, as obras "avançadas" de ampliação do Metrô, os "investimentos da Sabesp em redução de perda de água" e a ajuda cedida à Santa Casa, que, segundo o tucano, "só não fechou" porque ele "botou dinheiro do Estado".
Ao comentar a atual situação da educação, Alckmin elogiou ainda "360 mil alunos que estudam em período integral". No dia anterior, no entanto, ele foi alvo de críticas da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) ao afirmar, após a abertura da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, que "não existe greve de professores em São Paulo", negando a paralização aderida há mais de 40 dias por, de acordo com a entidade, 70% da classe.
Nas próximas semanas, o “Encontros Exame” receberá os também governadores Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Fernando Pimentel (PT-MG) e José Ivo Sartori (PMDB-RS). "Meu amigo Pezão estará aqui na semana que vem, né? Digam a ele que o elogiei bastante", finalizou.
"PT se desviou do caminho certo", diz Marta
Após confirmar que havia entregado sua carta de desfiliação nos diretórios municipal, estadual e nacional do PT, Marta compartilhou um vídeo em suas redes sociais, ainda nesta terça-feira, em que explicou o motivo da saída. De acordo com a ex-ministra, que não entrou em maiores detalhes, o partido "se desviou do caminho certo" e se "contaminou com o poder".
"Eu ajudei a fundar o PT há mais de trinta anos. E me orgulho de ter lutado para melhorar a vida dos brasileiros mais pobres que nunca tiveram chance neste País. Mas o PT acabou se desviando do caminho certo e se contaminando com o poder. Eu quero dizer hoje a vocês que eu não me desviei dos valores que meus pais me ensinaram e que eu ensinei aos meus filhos. Que eu não me desviei da luta por um País mais justo. E que por essas razões, eu deixo hoje o partido. Não para desistir do caminho que iniciei há trinta anos. Mas para continuar a segui-lo", declarou.