O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da presidência no governo Jair Bolsonaro, negou em depoimento nesta sexta-feira, 22, ter sido coagido em sua colaboração premiada.
Cid foi ouvido por um desembargador auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após virem a público áudios em que ele sugere ter sido pressionado pela Polícia Federal a confirmar uma "narrativa pronta". As conversas foram reveladas ontem pela revista Veja.
"Nunca houve induzimento às respostas. Nenhum membro da Polícia Federal o coagiu a falar algo que não teria acontecido", diz um trecho do termo de depoimento.
Mauro Cid negou ter vazado os áudios. Ele afirmou que fez um "desabafo" em uma conversa privada e informal e disse que não sabe como as mensagens foram divulgadas. "Foi apenas um desabafo. Uma forma de expressar", afirmou. Alegou ainda que não lembra exatamente com quem conversou nem quando.
O ex-ajudante de ordens também justificou que acabou falando "besteira" porque está mais "sensível" e enfrenta "problemas financeiros e familiares".
Questionado sobre a insinuação de que foi induzido pelos policiais federais, ele explicou que fez referência à linha de investigação da PF, que em alguns momentos ia de encontro à sua versão dos fatos. "Os policiais traziam os fatos na forma que estavam investigando", declarou. "Muitas vezes as versões eram contrárias."
O tenente-coronel saiu preso do depoimento. Ao ser informado de que voltaria ao cárcere, desmaiou na sala de audiências do STF e foi atendido por socorristas. O mandado de prisão, em caráter preventivo, foi expedido por descumprimento de medidas cautelares e obstrução de Justiça.
O ministro Alexandre de Moraes e a Polícia Federal ainda avaliam se vão rescindir o acordo de delação, o que segundo especialistas ouvidos pelo Estadão não afeta a validade das provas colhidas.