O tenente-coronel Mauro Cid --o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro-- e seu pai, general Lourena Cid, estão prestando esclarecimentos à Polícia Federal (PF) e não optaram pelo silêncio no depoimento sobre o caso das joias sauditas, segundo informações da GloboNews.
Ao contrário do ex-presidente e Michelle Bolsonaro, que optaram pelo silêncio, Mauro Cid e seu pai estão respondendo às perguntas dos investigadores durante a oitiva realizada na sede da PF, em Brasília.
Além de Bolsonaro e da ex-primeira-dama, também ficarão em silêncio o ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten e o assessor do ex-presidente Marcelo Câmara. Todos eles questionaram o 'foro privilegiado' e afirmaram que só "prestarão depoimento" quando o caso for remetido à primeira instância.
A defesa de Wajngarten apresentou ainda uma petição da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo alegando que o seu cliente não poderia ter sido convocado a depor porque é advogado constituído nos autos na defesa de Bolsonaro.
"O Peticionário permanece inteiramente à disposição para prestar eventuais esclarecimentos, desde que sejam observadas as regras instransponíveis do devido processo legal, ampla defesa, de competência de suas prerrogativas profissionais como advogado e, ainda, respeitado o seu domicílio, que é na Capital Paulista", diz Kuntz advogado de Fábio Wajngarten.
Os depoimentos estavam marcados para as 11h, e acontecem simultaneamente com o interrogatório de outros aliados do ex-presidente envolvidos no escândalo das joias. Bolsonaro chegou por volta das 10h50 na sede da Polícia Federal.
Entenda o esquema de vendas de joias
Segundo a PF, Mauro Cid teria vendido com o auxílio do seu pai, o general Mauro Lourena Cid, as joias omitidas do acervo da Presidência no exterior. De acordo com os investigadores, uma das peças comercializadas pelo ex-ajudante de ordens foi um relógio da marca Rolex, estimado em R$ 300 mil e recebido por Bolsonaro em uma viagem presidencial à Arábia Saudita em 2019. Peça que foi recomprada por Wassef nos Estados Unidos para ser entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU).
De acordo com a PF, os montantes obtidos das vendas ilegais foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal de Bolsonaro, por meio de laranjas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores. Os investigadores agora trabalham para descobrir se o ex-presidente foi ou não o mandante da ordem de realização das vendas e também da recompra.