O pré-candidato do MDB à Presidência da República, Henrique Meirelles, minimizou nesta segunda-feira (23) a dificuldade do partido em fechar alianças, sobretudo após a decisão do "centrão" de apoiar Geraldo Alckmin (PSDB-SP). "O MDB tem tempo suficiente para ganhar a eleição. Não só tem tempo de televisão, mas estrutura, porque é um partido nacional", afirmou. O ex-ministro da Fazenda dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) e Michel Temer (MDB-SP) esteve em Curitiba, onde participou de uma série de atividades de pré-campanha.
Após meses de indefinição, o bloco composto por DEM, PP, PR, PRB e SD optou na semana passada por costurar um acordo com o ex-governador de São Paulo, o que garante ao tucano quase cinco minutos por dia no horário eleitoral. Para Meirelles, porém, a questão não deve ser decisiva para o resultado do pleito de outubro. “Também teremos tempo para mostrar as nossas propostas. E, segundo as pesquisas qualitativas que estamos fazendo, no momento em que o eleitor tem acesso à minha história, a tudo o que fiz no Banco Central, no Ministério da Fazenda e o efeito disso para a população, ele vota”, argumentou.
Apesar de frisar que conta hoje com a simpatia da maioria dos convencionados do MDB, o pré-candidato foi ignorado pela ala mais próxima ao presidente estadual da executiva, Roberto Requião (MDB-PR). Enquanto o ex-ministro cumpria sua agenda na capital paranaense, o senador postava críticas a ele em sua conta no microblog Twitter. "O Meirelles representa este modelo 'liberal', bárbaro, que nos colocou na crise que vivemos. Erro brutal na condução da economia, ditadura dos bancos", escreveu.
O presidenciável desembarcou na cidade no início da tarde e foi direto para a sede da Associação Comercial do Paraná (ACP), onde apresentou suas propostas a empresários do Estado. Falou com a imprensa e, já no período da noite, participou de um debate no diretório do MDB. Na oportunidade, correligionários entregaram a ele uma "carta de princípios", para orientar seu plano de governo. Nem Requião nem o deputado estadual Requião Filho (MDB-PR) estiveram nos eventos. Coube ao deputado federal João Arruda (MDB-PR) ciceronear o colega de sigla.
Ainda conforme o senador, políticos de direita é quem deveriam receber o presidenciável. Requião citou nominalmente o ex-governador Beto Richa (PSDB), o deputado estadual Ratinho Jr. (PSD), o deputado federal Ricardo Barros (PP) e membros do PSDB, chamados por ele de "turma do camburão". A alfinetada é uma referência à votação da reforma da previdência estadual em 2015, ocasião em que membros da base aliada a Richa entraram no prédio da Assembleia Legislativa escoltados pela Polícia Militar. "Sim, o Meirelles será recebido no PMDB. E quem desejar contato com ele será bem recebido. De minha parte tenho outros compromissos", completou o parlamentar.
Questionado sobre as críticas, o ex-presidente do Banco Central falou que considera as diferenças de pensamento saudáveis. "Eu acho que é uma coisa absolutamente natural. O partido é o maior em termo de presença, tem presença no Brasil inteiro, é um partido da redemocratização do Brasil, e representa a própria diversidade brasileira. Em consequência, tem divergência de opiniões, o que é normal e saudável. O importante é que a discussão seja livre, respeitosa e com os argumentos sendo colocados. No final, o que importa é que prevaleça a maioria, que é a democracia".
Henrique Meirelles destacou ainda que espera contar com os votos de quase 80% dos emedebistas. “É uma situação muito boa. Além dessa estrutura, que é relevante, o que é mais decisivo é a televisão. Vamos mostrar a nossa história e é isso que vai decidir a eleição. As candidaturas hoje dependem menos de puxadores de voto, principalmente por causa dos meios de comunicação. Isso permite aos candidatos levar a mensagem direta ao eleitor. A minha história é muito forte e mais do que suficiente para ganhar”.
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