Ter militares em postos do governo é coerência, diz general

Futuro ministro da Defesa também apoiou decisão do presidente eleito de divulgar aos poucos nomes que irão compor os ministérios

5 nov 2018 - 19h23
(atualizado às 19h46)

Indicado para o ministério da Defesa do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno afirmou nesta segunda-feira, 05, que o fato de muitos militares terem indicação para postos do Executivo é uma questão de coerência. "Não tem nada a ver com governo militar. Ninguém está pensando em intervenção militar, em autoritarismo, nada disso. É um aproveitamento de gente que o País não estava acostumado a aproveitar."

Heleno, que participa de reuniões com integrantes do governo de transição no Centro de Convenções Banco do Brasil, em Brasília, considerou natural a demora para a escolha de nomes para a equipe do próximo governo e afirmou que a estratégia de apresentar a indicação a conta-gotas é boa.

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General Augusto Heleno afirmou que ter militares no governo é questão de coerência
General Augusto Heleno afirmou que ter militares no governo é questão de coerência
Foto: Dida Sampaio / Estadão

"Há muitos candidatos. Todos apresentam credenciais significativas. A escolha é difícil e precisa ser pensada", disse. "Não há essa urgência. Existe essa urgência para vocês (jornalistas), que estão atrás de notícias. É uma questão de ter na cabeça. E até do ponto de vista de mídia é bom que ele vá soltando aos poucos."

Heleno afirmou não ter conversado ainda com o juiz Sérgio Moro, indicado para ocupar um superministério da Justiça. "Fiz uma ligação telefônica rápida. Mas a escolha foi um gol de bicicleta do meio do campo que o presidente fez."

O general não quis comentar o adiamento da visita do governo do Egito ao Brasil. A decisão da suspensão da visita é associada às declarações pró-Israel feitas pelo presidente eleito. "Não vou tecer considerações sobre esse problema que aconteceu. Não sou nem primeiro-ministro, nem ministro das Relações Exteriores. Vai ter gente mais tarde que vai entrar nessa seara. Numa campanha, é diferente. Agora não. Cada macaco no seu galho. O ministro das Relações Exteriores vai tecer considerações e levar ao presidente", disse, na tarde desta segunda.

O governo egípcio atribuiu o adiamento a compromissos de autoridades do país. Nos bastidores, no entanto, a informação é de que a verdadeira causa da mudança de planos foi a decisão anunciada por Bolsonaro de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv, capital oficial, para Jerusalém.

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