O presidente Jair Bolsonaro reuniu na manhã deste sábado, 9, o comando militar para avaliar o cenário após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter deixado a prisão. Entre os militares, a avaliação é que não há sinais de movimentos atípicos, mas há a preocupação de que o discurso de Lula possa incitar a violência, segundo apurou o Estadão.
A mesma opinião foi emitida por um dos participantes da reunião, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, em sua conta no Twitter. "Lula, em seu discurso, mostra quem é e o que deseja para o país. Incita a violência (cita povo do Chile como exemplo), agride várias instituições, ofende o Pres Rep (presidente da república) e mostra seu total desconhecimento sobre carreira militar", tuitou.
A repercussão do discurso de Lula em outros países também está sendo monitorada, em especial na América Latina, onde há manifestações em países como Chile e Bolívia. Preocupa o acirramento de ânimos na Bolívia, onde há setores das forças armadas retirando o apoio ao presidente Evo Morales e evitando conter protestos contrários ao governo.
Além de Heleno, participaram da reunião deste sábado o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica. O encontro durou pouco mais de meia-hora.
Como mostrou o Estado nesta sexta, 8, a ideia inicial no Planalto era que se evitasse comentar a decisão do STF, para que isso não fosse interpretado como interferência de um poder em outro. Neste sábado, porém, depois de Lula citar Bolsonaro em seus discursos, o presidente subiu o tom e chegou a chamar o ex-presidente de "canalha" em sua conta do Twitter.
A liberdade de Lula deixará mais acirrada a polarização entre esquerda e direita, diminuindo o espaço para os candidatos considerados de centro ou moderados. No Planalto, auxiliares do presidente dizem que esse confronto alimentará o clima beligerante. Há preocupação com possíveis manifestações e radicalismo que possam ocorrer em manifestações, embora até agora não haja sinais claros de que isso acontecerá.