'Minha filha confiava nele', diz mãe de Marielle sobre delegado preso por morte de vereadora

Operação da Polícia Federal que prendeu três suspeitos pelo crime foi deflagrada neste domingo, 24

24 mar 2024 - 23h07
(atualizado em 26/3/2024 às 08h54)
Rivaldo ao ser preso pela PF
Rivaldo ao ser preso pela PF
Foto: Mateus Bonomi/AGIF via Reuters Connect

A mãe de Marielle Franco, Marinete da Silva, afirmou à GloboNews que a prisão do delegado Rivaldo Barbosa, apontado pela Polícia Federal como um dos autores da morte da vereadora, surpreendeu a família. Segundo ela, ele prometeu a eles que esclarecia o crime.

O crime de assassinato aconteceu no dia 14 de março de 2018 e, após seis anos de questionamentos sem respostas, o caso caminha para ser esclarecido.

Publicidade

"A minha filha confiava nele e no trabalho dele. E ele falou que era questão de honra elucidar [a morte da vereadora]. Por questões óbvias, porque a Marielle, além dele confiar, garantiu a entrada do doutor Rivaldo no Complexo da Maré depois de uma chacina para ele entrar e sair com a integridade física garantida", afirmou Marinete.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, também se mostrou surpresa. "A gente está um pouco surpreso, porque os nomes [dos irmãos Brazão] já tinham sido veiculados antes, mas a prisão do Rivaldo... Enfim, é muita coisa que passa pela nossa cabeça como família", disse.

Operação e presos

Segundo as investigações da Polícia Federal, cujo inquérito foi divulgado neste domingo, 24, os mandantes do crime foram os irmãos Brazão: o deputado federal Chiquinho Brazão, e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão. O que motivou o crime foi a atuação política de Marielle, que atrapalhava o interesse dos irmãos. 

Quem mandou matar Marielle? Confira quem foi preso pela PF como mandante Quem mandou matar Marielle? Confira quem foi preso pela PF como mandante

Publicidade

Os dois foram presos preventivamente na manhã deste domingo. Com eles também foi preso Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, acusado de ter desviado o foco das investigações dos verdadeiros mandantes do assassinato. Ele assumiu o posto de chefia um dia antes do crime, que aconteceu há seis anos, no dia 14 de março de 2018.

Os três foram levados à Superintendência da Polícia Federal no Rio, onde passaram por audiência de custódia. A previsão é de que, ainda hoje, eles sejam transferidos para o presídio federal do Distrito Federal.

Além dos três suspeitos presos, o ex-chefe da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), Giniton Lages, é um dos alvos de mandados de busca e apreensão, segundo informações do jornal O Globo. Lages ficou à frente do caso Marielle logo no início das investigações e chegou a escrever um livro de 296 páginas contando os bastidores do trabalho.

De acordo com decisão do ministro Alexandre de Moraes que autoriza a prisão, o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, por causa da participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016. A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão na época em que era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. 

Publicidade

No relatório final do inquérito, que possui 479 páginas, é descrito que a presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Isso porque na região, que em sua maioria é dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.

Fonte: Redação Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações