A mãe de Marielle Franco, Marinete da Silva, afirmou à GloboNews que a prisão do delegado Rivaldo Barbosa, apontado pela Polícia Federal como um dos autores da morte da vereadora, surpreendeu a família. Segundo ela, ele prometeu a eles que esclarecia o crime.
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O crime de assassinato aconteceu no dia 14 de março de 2018 e, após seis anos de questionamentos sem respostas, o caso caminha para ser esclarecido.
"A minha filha confiava nele e no trabalho dele. E ele falou que era questão de honra elucidar [a morte da vereadora]. Por questões óbvias, porque a Marielle, além dele confiar, garantiu a entrada do doutor Rivaldo no Complexo da Maré depois de uma chacina para ele entrar e sair com a integridade física garantida", afirmou Marinete.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, também se mostrou surpresa. "A gente está um pouco surpreso, porque os nomes [dos irmãos Brazão] já tinham sido veiculados antes, mas a prisão do Rivaldo... Enfim, é muita coisa que passa pela nossa cabeça como família", disse.
Operação e presos
Segundo as investigações da Polícia Federal, cujo inquérito foi divulgado neste domingo, 24, os mandantes do crime foram os irmãos Brazão: o deputado federal Chiquinho Brazão, e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão. O que motivou o crime foi a atuação política de Marielle, que atrapalhava o interesse dos irmãos.
Os dois foram presos preventivamente na manhã deste domingo. Com eles também foi preso Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, acusado de ter desviado o foco das investigações dos verdadeiros mandantes do assassinato. Ele assumiu o posto de chefia um dia antes do crime, que aconteceu há seis anos, no dia 14 de março de 2018.
Os três foram levados à Superintendência da Polícia Federal no Rio, onde passaram por audiência de custódia. A previsão é de que, ainda hoje, eles sejam transferidos para o presídio federal do Distrito Federal.
Além dos três suspeitos presos, o ex-chefe da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), Giniton Lages, é um dos alvos de mandados de busca e apreensão, segundo informações do jornal O Globo. Lages ficou à frente do caso Marielle logo no início das investigações e chegou a escrever um livro de 296 páginas contando os bastidores do trabalho.
De acordo com decisão do ministro Alexandre de Moraes que autoriza a prisão, o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, por causa da participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016. A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão na época em que era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
No relatório final do inquérito, que possui 479 páginas, é descrito que a presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Isso porque na região, que em sua maioria é dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.