O Ministério da Justiça determinou nesta terça-feira (20) que a Polícia Federal apure a denúncia apresentada pelo líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ) sobre uma suposta montagem para vinculá-lo ao esquema de pagamento de propina na Petrobras. Ao apresentar uma gravação telefônica hoje, o peemedebista disse ser alvo de uma “nova alopragem”.
Gravação mostrada pelo peemedebista a jornalistas em Brasília traz um diálogo de pouco mais de três minutos entre duas pessoas. Uma seria um agente da Polícia Federal. O outro um político ligado a Cunha. Na conversa, eles discutem os desdobramentos da Operação Lava Jato. O policial, inclusive, afirma estar sofrendo pressão para fazer revelações contra o deputado do Rio.
No início da conversa, o suposto policial federal diz que já foi chamado para explicar o caso por um delegado e que, se ficar abandonado, vai “jogar m… no ventilador”. Ele ameaça divulgar nomes caso não receba dinheiro e revela estar com medo de ser convocado pelo Ministério Público. “Estou abandonado e duro”, afirmou. O outro interlocutor responde para ele não se preocupar “com a questão financeira”.
Cunha afirmou hoje pela manhã ter recebido a gravação de um policial federal e entregue ao Ministério da Justiça para providências. De acordo com o peemedebista, a conversa é falsa e existe uma “simulação teatral”. “Já fui vítima de uma alopragem e, agora, na segunda tentativa de alopragem, decidi me adiantar”, afirmou o deputado. Ele se referiu a reportagens publicadas há duas semanas ligando seu nome ao doleiro Alberto Youssef.
Em nota, o MJ confirmou o recebimento da gravação. “Imediatamente, o ministro em exercício, Marivaldo Pereira, encaminhou o material para apuração e providências cabíveis da Polícia Federal”, disse a pasta. O titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, está fora do Brasil em férias.