Ministro: crime comum preocupa mais que risco de atentados durante a Copa

4 fev 2014 - 15h59
<p>Grupo criticou a ação policial no protesto no centro de São Paulo quando um manifestante acabou sendo baleado </p>
Grupo criticou a ação policial no protesto no centro de São Paulo quando um manifestante acabou sendo baleado 
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse nesta terça-feira que o País precisa se dedicar mais em enfrentar crimes comuns do que possíveis atentados durante a Copa do Mundo deste ano. "Quando acolhemos a realização da Copa e da Olimpíada, sabíamos que conviveríamos com a exposição a esse risco. Não ao risco dos atentados de natureza política ou religiosa, que ocorrem no mundo, mas ao risco da violência social, do crime comum, que ocorrem nas grandes e megacidades do Brasil."

O ministro citou como exemplo a Tragédia de Munique, na Alemanha, em 1972, durante os Jogos Olímpicos de Verão, que terminou com a morte de 11 membros da equipe de Israel. Aldo Rebelo participou hoje de reunião com várias autoridades, na capital paulista, para debater os planos operacionais durante a Copa na cidade. O ministro informou que todas as seleções que vierem ao Brasil vão receber apoio na área de segurança. "É um evento que exige medidas preventivas para assegurar a integridade das delegações."

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Rebelo foi perguntado sobre a presença da Polícia Federal dos Estados Unidos (FBI) junto com a seleção norte-americana, que, no mês passado, já visitou as instalações do Centro de Treinamento do São Paulo Futebol Clube, na capital paulista. Segundo o ministro, essa segurança própria, no entanto, era muito modesta em relação à fornecida para a delegação pelo governo brasileiro.

Os protestos – ponto que também causa preocupação na capital paulista – não serão alvo de repressão, de acordo com a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão. "As manifestações ocorrem com muita frequência aqui em São Paulo, é quase que diário. A gente pretende, na área de segurança pública, atuar para garantir que as manifestações que ocorreram, tenham condições de ocorrer da melhor forma possível, mas que isso não interfira na organização dos jogos, na movimentação dos turistas, das seleções", disse ela.

Dezenas fazem 'catracaço' no Rio e ainda protestam contra a Copa
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Além da violência, as autoridades debateram hoje questões como funcionamento dos aeroportos, planejamento de segurança pública, de mobilidade, situação dos estádios, do trânsito e como ocorrerá a recepção dos turistas e delegações. De acordo com a vice-prefeita, na capital, as obras em torno da Arena Corinthians estão praticamente concluídas, num estágio de 83%. No estádio, a peça que provocou o acidente no ano passado foi removida e deve ser recolocada até o final deste mês. "A falta de chuva facilitou o andamento das obras. O prazo de 15 de abril deve ser cumprido."

Após o debate, Aldo Rebelo vistoria, em Campinas, o Centro de Treinamento da Ponte Preta, escolhido pela seleção de Portugal, e o Centro de Treinamento do Guarani Futebol Clube, que receberá a seleção da Nigéria durante a Copa. Depois, ele segue para vistorias no Paraná e em Porto Alegre.

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido. 

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritiba,SalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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Agência Brasil
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