O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, disse nesta segunda-feira ter entregue sua carta de demissão à presidente Dilma Rousseff e defendeu um controle maior das estatais, em meio às denúncias de irregularidades envolvendo a Petrobras reveladas com a Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
"Eu apresentei à presidente Dilma Rousseff, nos primeiros dias de novembro, uma carta pedindo para que ela me dispense do próximo mandato", disse Hage a jornalistas, após participar de evento para comemorar do Dia Internacional contra a Corrupção.
"A minha pretensão é não ter a minha nomeação renovada. Já estou há 12 anos nessa tarefa, já cumpri com o meu dever, já dei a minha contribuição. São 12 anos na Controladoria, sendo 9 deles como ministro. Está na hora de descansar", afirmou.
Durante solenidade para lembrar o Dia da Corrupção, que acontece na terça-feira, Hage defendeu o fortalecimento dos órgãos internos de controle e disse que as empresas estatais devem receber atenção especial.
“O que acaba de ser descoberto na Petrobras constitui clara evidência do que aqui se afirma”, disse o ministro.
A CGU é o órgão do governo responsável pelo controle interno e pela aplicação correta dos recursos públicos em contratos federais.
Hage, de 76 anos, reclamou anteriormente que o orçamento de sua pasta foi reduzido ao ponto de a CGU ter dificuldades para pagar as contas de telefone e eletricidade.
A CGU já abriu processos de responsabilização contra oito empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. Segundo delações premiadas do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e de executivos de empresas envolvidas, construtoras formaram um cartel nas licitações da Petrobras, fechando contratos com sobrepreço.
Em seu depoimento, Costa disse que parte desse sobrepreço era destinado a partidos políticos, como PT, PP e PMDB.
Recentemente, Hage afirmou que algumas empresas envolvidas na Lava Jato entraram em contato com a CGU para mostrar interesse em um acordo de leniência, sem, no entanto, dar mais detalhes,
Por um acordo como esse, as empresas admitiriam sua responsabilidade no eventual esquema, colaborariam com as investigações e devolveriam os recursos recebidos indevidamente, além de repactuar contratos vigentes e com sobrepeço. Em troca, evitariam ser declaradas inidôneas, o que as impediria de assinar contratos com o poder público.
Hage assumiu o comando da CGU em junho de 2006. Antes foi secretário-executivo da pasta de 2003, quando a Controladoria foi criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
(Por Eduardo Simões)