Ministro de Lula rebate Aécio sobre duplicação da BR-381 e anuncia início das obras em fevereiro

Deputado manteve tom cético sobre a execução da obra; concessão da rodovia foi assinada pelo governo Lula na quarta-feira

24 jan 2025 - 16h18
(atualizado às 19h16)

O ministro dos Transportes, Renan Filho, e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) protagonizaram um embate público nas redes sociais nesta sexta-feira, 24. A troca de críticas ocorreu após o parlamentar questionar a viabilidade do contrato de concessão da BR-381, assinado pelo governo Lula na quarta-feira, 22, em Brasília. Conhecida como "Rodovia da Morte", a duplicação da estrada é esperada há décadas.

Em uma publicação no Instagram, Aécio, que governou Minas Gerais de 2003 a 2010, manteve tom cético em relação à execução da duplicação.

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Aécio Neves, deputado federal
Aécio Neves, deputado federal
Foto: Dida Sampaio/Estadão / Estadão

"Após décadas de promessas e descaso, o governo Lula assinou o contrato de concessão para duplicação da BR-381. A obra nunca saiu do papel durante os 14 anos de governo Lula e Dilma. Agora, fica a pergunta: será que os mineiros finalmente podem acreditar que a duplicação será concluída? Ou estamos diante de mais um capítulo de promessas adiadas?", escreveu.

Renan Filho respondeu, afirmando que o lançamento das obras dos primeiros 100 dias de contrato será no dia 6. Além disso, o ministro criticou gestões anteriores por supostos erros na administração das rodovias federais mineiras.

"Faltou você lembrar que no governo FHC vocês estadualizaram as rodovias federais em Minas para, supostamente, o governo do Estado realizar os investimentos necessários e, anos depois, devolveram-nas, sem os 'prometidos' investimentos e em pior estado de conservação", rebateu.

Em tréplica por meio de nota enviada à imprensa, mas nominalmente endereçada ao ministro, Aécio reforçou que a BR-381 esteve sob responsabilidade do governo federal nos 14 anos que o PT governou o País, sem que as obras tenham sido feitas.

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"Quanto à devolução das rodovias estadualizadas ao governo federal, que o ministro reclama, faltou lembrar que isso ocorreu, em 2016, durante o governo de Fernando Pimentel, do PT, e quem "governava" o Brasil era Dilma Rousseff. Portanto, uma negociação de PT para PT e, sinceramente, não me recordo de nenhum dos dois governos terem reclamado à época", disse.

Aécio citou obras feitas em sua gestão no governo do Estado, como "ligação asfáltica de 219 cidades que só tinham acesso por terra" e afirmou que apenas cinco sob responsabilidade do governo federal ficaram sem obras.

"Reconheço o esforço do ministro em colocar para andar obras e projetos esquecidos por tanto tempo e todos nós mineiros desejamos êxito a ele. Tarefa mais difícil do que essa, porém, é justificar os muitos anos de descaso dos Governos do PT com Minas", completou Aécio.

BR-381 tem histórico de alto índice de acidentes

A BR-381, que interliga os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, registra um dos maiores índices de acidentes do País, sendo apelidada de "Rodovia da Morte". A duplicação da estrada é uma demanda antiga dos mineiros e tem sido foco de debates políticos e sociais há décadas.

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Antes do embate com Aécio, Renan Filho já havia criticado o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), durante a cerimônia de assinatura do contrato. Ele afirmou que a ausência do governador no evento demonstrava mais interesse político do que preocupação com a obra. "Parece que a cobrança é mais política e menos pela obra, porque o gestor pode fazer tudo [...] ele só não pode priorizar a política contra o interesse do cidadão", disse o ministro.

O governo federal formalizou nesta quarta a assinatura do contrato de concessão da BR-381/MG. A rodovia será administrada pela Concessionária Nova 381, do grupo 4UM Investimentos, com previsão de investimento de R$ 10 bilhões em 30 anos de concessão, já considerando aportes amortizados no longo prazo (Capex) e despesas operacionais (Opex). Lula afirmou que o objetivo do governo é baratear o preço do pedágio para as pessoas mais pobres, sem deixar de priorizar a qualidade das estradas.

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