O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ao jornal Folha de S. Paulo que não agiu de forma política ao tomar a decisão de encaminhar à Polícia Federal denúncia contra políticos do PSDB, DEM e PMDB suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção em obras do Metrô de São Paulo. Cardozo afirmou que estava apenas cumprindo o seu papel de ministro e que estaria prevaricando se não encaminhasse a denúncia.
Na sexta-feira, o Ministério da Justiça informou que encaminhou para a PF as denúncias que recebeu sobre o suposto cartel em obras do metrô de São Paulo nas gestões tucanas de Mário Covas e Geraldo Alckmin (1999/2004). Segundo a pasta, os documentos foram levados até o ministério pelo deputado estadual de São Paulo Simão Pedro (PT), e, em seguida, encaminhados à PF.
Em nota divulgada pela assessoria, o Ministério da Justiça afirmou ainda que enviou a denúncia “no estrito cumprimento do dever legal”, mas não informou quando isso foi feito. “O Ministério reafirma que a documentação não foi encaminhada à PF pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)”, diz a nota.
À Folha, Cardozo reiterou essa versão, mas disse não se lembrar de quando exatamente recebeu o relatório.
Segundo o jornal, a versão do ministro e do ministério contraria documentos assinados por dois delegados da PF que dão conta de que a denúncia foi enviada pelo Cade.
No sábado, o presidente do PSDB, Aécio Neves, cobrou explicações de Cardozo sobre sua suposta interferência no caso e afirmou que o PT está utilizando instituições do Estado contra adversários políticos.