Apoiador do regime militar, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, discursou nesta segunda-feira no evento que divulgou o laudo sobre a perícia dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe de 1964. Lobão foi deputado federal pela Arena e em 2008 defendeu o período militar em um evento em São Paulo.
No evento de divulgação do laudo, na sede da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Lobão sentou ao lado da ministra Ideli Salvatti, do filho de Jango, João Vicente Goulart, e peritos responsáveis. Ele elogiou o ex-presidente e foi embora quando foram abertas as perguntas para jornalistas.
“Sempre fui admirador profundo das ideias e inclinações do presidente João Goulart. Ele estava profundamente ligado ao povo, aos mais pobres, aos desvalidos, aos desassistidos”, disse Lobão, que era um jovem jornalista à época do golpe.
Em 2008, em um evento em São Paulo, Lobão disse que “ditadura mesmo” foi no período de Getúlio Vargas e que o Brasil reencontrou sua vocação para o desenvolvimento no período militar.
A presença do ministro, que é de uma área sem relação com o tema do evento, foi questionada. Ideli disse que “seria interessante” perguntar ao colega sobre o motivo do comparecimento, mas disse que todos os integrantes do governo foram convidados. “Eu fico mais animada quando alguém que por ventura tenha apoiado e passe a defender o resgate da memória e da justiça, do que pessoas que sofreram as consequências da ditadura estarem insinuando o golpe”, disse a ministra.
O filho de Jango disse ter estranhado a presença, mas concordou com as palavras da ministra. “Ainda bem que não é o outro Lobão, o músico”, brincou. “Esse aí, inclusive, anda incentivando”, completou a ministra.