Ministros do Palácio do Planalto defenderam nesta quarta-feira, dia 11, substituições na equipe que cuida da segurança presidencial, responsável pelos palácios e residências da Presidência da República. "A mudança está sendo feita desde o dia 1º de janeiro e continuará, aqui e nos demais ministérios", disse o titular da Casa Civil, Rui Costa, ao ser questionado sobre as trocas. Costa chamou de "fake news" e "guerra política" a informação de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocaria o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho.
A declaração amplia a pressão política sobre o general Gonçalves Dias, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a quem estão subordinados servidores civis e militares que não reagiram como necessário ao "Capitólio brasileiro". A segurança do Planalto não conteve a invasão e a depredação promovidas por extremistas que tentavam um golpe de Estado há três dias. Eles só foram detidos por intervenção da Polícia Militar, conforme registros em vídeo.
Costa também afirmou que a Presidência vai instituir uma rotina de treinamentos de evacuação do Planalto para servidores, em situações de ataque ao prédio. "Vamos implementar rotinas de ensaio e testes, do mesmo jeito que numa indústria se faz ensaio contra incêndio, treinamento de evacuação, serão feitas rotinas periódicas de treinamento de pessoal e de garantia da lei e da ordem, da democracia", afirmou o ministro.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, tem defendido ao longo da semana que a falta de preparação adequada, como de costume, e de reação dos militares que guarnecem o Planalto seja investigada pelo GSI.
O efetivo presente de forma ostensiva nesta quarta-feira era muito superior ao de domingo passado, apesar dos alertas de inteligência e das convocações abertas dos radicais do bolsonarismo, nas redes sociais, para "colapsar o sistema". Não havia, como agora, um número reforçado de plantão da tropa de choque do Batalhão de Guarda Presidencial (BGP). Aumentar o número de soldados e posicioná-los de forma ostensiva na área externa do palácio é um procedimento rotineiro em dias de manifestação na Esplanda dos Ministérios.
"Isso tem que ser apurado", disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, também favorável a trocas na equipe. Para ele, há indícios de que os extremistas tinham informações internas e que a porta principal do Planalto estava aberta.
Oficiais do Exército reclamam que os militares lotados no Planalto estão sendo atacados nas redes sociais, mas dizem que o GSI deve fazer o gerenciamento das necessidades de segurança. A proteção do Palácio do Planalto é de responsabilidade do BGP e do 1º Regimento de Cavalaria de Guarda (RGC), mas a coordenação e pedidos de reforço do efeito, segundo o Exército, cabem ao ministro Gonçalves Dias. Ele foi chefe da segurança de Lula nos mandatos anteriores.
A despeito da pressão por trocas, o coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, comandante do BGP, continuava atuando normalmente nesta quarta-feira e coordenou o posicionamento dos soldados que montaram acampamento no subsolo do Planalto. O coronel Fernandes vem sendo alvo de uma série de críticas e até cobranças de demissão por causa das falhas no 'capitólio brasileiro'.
Em um dos vídeos gravados que circulam nas redes sociais, ele tenta conter a entrada de policiais militares e bate-boca com eles. Nas imagens, os policiais perguntam se ele estava "louco" e afirmam que iriam efetuar prisões. Ambos gritam palavrões. Exaltado, o coronel diz que os invasores extremistas iriam deixar o Planalto. "O pessoal tá descendo", gritou Fernandes. "Estão todos presos, ninguém vai descer, coronel", rebatem PMs da Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) e do Choque. O comandante então acata e participa pessoalmente da entrega de golpistas que estavam no chão dominados.
Apoio ao Ministro da Defesa
Apesar da pressão por trocas no GSI, o ministro Rui Costa afirmou que não existe nenhuma intenção do presidente de promover trocar na Defesa. Na noite desta terça-feira, dia 10, o deputado André Janones (Avante-MG), da base aliada, afirmou que Múcio iria entregar o cargo. O ministro desmentiu. Múcio disse que "é hora de as pessoas responsáveis se juntarem para ajudar o presidente Lula a governar o País".
"Não reproduzam fake news. Essa notícia de demissão de Múcio é fake news. Não existe isso", disse Costa. "Não tem o menor cabimento essa hipótese, é coisa de quem quer fazer guerra política e fragilizar o ministro."
Costa confirmou que Múcio esteve com ele em reunião do gabinete de monitoramento na noite passada e que eles já têm agenda conjunta na semana que vem.