Moraes dá 48 horas para Bolsonaro explicar ida à Embaixada da Hungria após apreensão de passaporte

Defesa do ex-presidente foi intimada pelo ministro a enviar esclarecimentos no inquérito do golpe

25 mar 2024 - 22h16
(atualizado em 9/4/2024 às 15h31)
Ex-presidente Jair Bolsonaro e ministro do STF Alexandre de Moraes
Ex-presidente Jair Bolsonaro e ministro do STF Alexandre de Moraes
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 48 horas para a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enviar esclarecimentos formais sobre sua visita à Embaixada da Hungria em Brasília, após ter os passaportes recolhidos no inquérito do golpe.

Em nota divulgada à imprensa, os advogados do ex-presidente alegaram que ele esteve no prédio, entre 12 e 14 de fevereiro, para "manter contatos com autoridades do país" e atualizar os representantes húngaros sobre o "cenário político das duas nações".

Publicidade

Na prática, ao intimar a defesa, o ministro afasta as especulações sobre a possibilidade de decretar a prisão preventiva de Bolsonaro, pelo menos até receber os esclarecimentos da defesa.

Foi Alexandre de Moraes quem mandou o ex-presidente entregar os passaportes. O ministro justificou que a medida era necessária para evitar uma eventual tentativa de fuga.

"O desenrolar dos fato ja´ demonstrou a possibilidade de tentativa de evasa~o dos investigados, intento que pode ser reforc¸ado a partir da cie^ncia do aprofundamento das investigac¸o~es que ve^m sendo realizadas, impondo-se a decretac¸a~o da medida quanto aos investigados referidos, notadamente para resguardar a aplicac¸a~o da lei penal", escreveu na ocasião.

A Polícia Federal investiga se o ex-presidente tentou articular uma manobra diplomática para evitar ser preso no inquérito que apura uma tentativa de golpe. Os policiais federais querem saber, por exemplo, se a visita à embaixada tem relação com algum pedido de asilo político, o que a defesa nega.

Publicidade

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que o ex-presidente pode ser preso preventivamente na investigação se ficar comprovado que ele tentou se antecipar a um eventual mandado de prisão, o que poderia configurar uma tentativa de impedir a aplicação da lei penal.

As embaixadas têm o status de território diplomático, o que significa que qualquer decisão judicial, inclusive do STF, precisa de autorização do país que representam para ser cumprida nos limites do prédio.

Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se