Sete policiais federais que atuavam na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e eram subordinados a Alexandre Ramagem (PL-RJ), que chefiou o órgão no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram afastados de suas funções na PF por suspeita de atuarem na espionagem ilegal de políticos e autoridades públicas.
A determinação do afastamento dos agentes foi feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Nesta quinta-feira, 25, Moraes retirou o sigilo da decisão que autorizou a operação da PF para apurar a suposta espionagem ilegal. A investigação aponta que ferramentas e serviços da Abin foram utilizados para monitorar ilegalmente governadores e até integrantes do STF.
Segundo a Polícia Federal, a Abin teria monitorado ilegalmente os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o ex-governador Camilo Santana, do Ceará, hoje ministro da Educação do governo Lula, entre outras pessoas.
Informações de bastidores dão conta que todos sete policiais eram próximos de Ramagem e da família Bolsonaro e cresceram no governo por ser pessoas de confiança. De acordo com a decisão, os agentes serviam de "staff", cumprindo as determinações, monitorando alvos e produzindo relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas.
Na decisão pelo afastamento dos agentes, Moraes determinou, entre outras coisas, a suspensão do acesso de todos os investigados à rede e sistemas da Polícia Federal, bem como a proibição do acesso ou frequência a qualquer dependência da corporação. Os agentes também estão proibidos de manter contato com outros investigados e de deixar o Distrito Federal sem autorização da Justiça.
Confira nome e função do policiais afastados
- FELIPE ARLOTTA FREITAS (policial federal, ocupou coordenação importante do Centro de Inteligência Nacional),
- CARLOS MAGNO DE DEUS RODRIGUES (policial federal e exerceu cargo de Coordenador-Geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Integridade Corporativa)
- HENRIQUE CÉSAR PRADO ZORDAN (policial federal e ficou lotado no Gabinete do Diretor-Geral),
- ALEXANDRE RAMALHO (policial federal e ficou lotado no Gabinete do Diretor-Geral),
- LUIZ FELIPE BARROS FELIX (policial federal e ficou lotado no Gabinete do Diretor-Geral).
- MARCELO ARAUJO BORMEVET (servidor e Secretário de Planejamento e Gestão, trabalhava com credenciamento de segurança e pesquisa para nomeações.)
Para que serve a Abin
A Abin é o órgão responsável por fornecer informações e análises estratégicas à Presidência da República para contribuir na tomada de decisões. Conforme as investigações, a organização criminosa utilizava ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.