No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro disse que o deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, está "queimado para caramba", o ministro da Justiça, Sérgio Moro, jantou com ele e com parlamentares do partido em um restaurante de Brasília. A justificativa foi a de que era preciso discutir o pacote anticrime, em tramitação na Câmara.
Antes de Moro chegar, porém, Bivar teve uma conversa reservada com parte da bancada do PSL. O Estado apurou que houve um desagravo ao deputado, feito por seus colegas, que estranharam o ataque público de Bolsonaro ao chefe do partido. Muitos entenderam que o presidente da República deu sinais de que vai mesmo trocar de legenda.
No mesmo restaurante escolhido pelo PSL para o encontro com Moro estavam os procuradores Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba, e Roberson Pozzobon, que também atua na força-tarefa. Os dois tiveram diálogos capturados por hackers vazados pelo site The Intercept Brasil e enfrentam um desgaste de imagem.
Como se já não bastassem os encontros fortuitos, o ex-senador Romero Jucá (RR), ex-presidente do MDB, protagonizou mais um. Ele também escolheu o mesmo restaurante para jantar nesta noite em Brasília.
Logo que chegou, foi direto cumprimentar um jornalista, sem saber que ele estava acompanhado de Deltan e Pozzobon. Jucá perdeu o cargo de ministro no governo Temer em 2016, após vir à tona uma gravação em que ele dizia ser preciso "estancar essa sangria", em referência aos efeitos da Lava Jato no mundo político. Numa fração de minutos, Jucá se viu cercado pela Lava Jato - tendo o ex-juiz Moro de um lado e os procuradores de outro.
Não foi apenas Jucá quem passou aperto. Quando viu Moro entrar no restaurante, Deltan se levantou certo de que o ministro iria até a sua mesa para cumprimentá-lo. Nada disso. Atrasado, Moro apressou o passo para o local reservado pelo PSL e deixou o ex-colega de Curitiba no "vácuo". O ministro foi direto cumprimentar Bivar.
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