Mourão diz que golpe está "fora de cogitação"

Vice-presidente diz que 'não existe espaço' para saídas fora do campo democrático

28 mai 2020 - 16h46
(atualizado às 16h49)

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou que uma eventual ruptura democrática está "fora de cogitação" e que "não existe espaço no mundo para ações dessa natureza". As declarações foram dadas jornalista Andréia Sadi, da Globonews, nesta quinta-feira (28). Mourão também minimizou as falas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, que falou em "momento de ruptura" em uma live.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil / Estadão Conteúdo

"Quem é que vai dar golpe? As Forças Armadas? Que que é isso, estamos no século 19? A turma não entendeu. O que existe hoje é um estresse permanente entre os poderes. Eu não falo pelas Forças Armadas, mas sou general da reserva, conheço as Forças Armadas: não vejo motivo algum para golpe", declarou Mourão.

Publicidade

A fala de Mourão ocorre depois de Bolsonaro adotar um tom de ameaça ao comentar as medidas tomadas peloSupremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que apura fake news e tem como alvos aliados bolsonaristas. Bolsonaro disse que não vai admitir "decisões individuais" e que "ordens absurdas não se cumprem". "Acabou, porra!", esbravejou o presidente a jornalistas nesta quinta-feira.

Na quarta-feira, o deputado Eduardo Bolsonaro também criticou a atuação de ministros do STF na investigação sobre a suposta interferência do pai na Polícia Federal e no inquérito das fake news que autorizou mandados de busca e apreensão contra aliados da família. "Falando bem abertamente, opinião de Eduardo Bolsonaro, não é mais uma opção de se, mas, sim, de quando isso (ruptura institucional) vai ocorrer", disse em uma transmissão.

Mourão minimizou as declarações do filho "03" do presidente Bolsonaro."Me poupe. Ele é deputado, ele fala o que quiser. Assim como um deputado do PT fala o que quiser e ninguém diz que é golpe. Ele não serviu Exército. Quem vai fechar Congresso? Fora de cogitação, não existe situação para isso", afirmou.

À jornalista, o vice-presidente reforçou que, em sua avaliação, o inquérito das fake news deveria ter sido enviado à Procuradoria-Geral da República, para que o Ministério Público decidisse se abriria ou não a investigação, e defendeu que o tema fosse debatido pelo plenário do STF.

Publicidade

Mais cedo, Heleno negou 'intervenção militar'

Também nesta quinta-feira, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, afirmou que ninguém no governo está pensando em uma "intervenção militar" e que uma ruptura democrática no País "não resolve nada". "Não houve esse pensamento (de intervenção) nem da parte do presidente nem dos ministros", disse nesta quinta-feira após se reunir com Bolsonaro no Palácio da Alvorada.

Heleno declarou ainda que sua nota, em que menciona "consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional" caso o celular do presidente fosse apreendido, era "genérica" e "neutra", e não um recado ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). "Não falei em Forças Armadas, não falei em intervenção militar", defendeu.

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações