Segundo a Força Tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF), as empresas onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, pertencem a Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras - preso no início da Lava Jato -, a uma filha dele, a Humberto Sampaio Mesquita - genro de Costa - e a Marcelo Barboza Daniel, que seria sócio deste genro. Estas empresas receberam repasses de outras que tinham contratos firmados com a Petrobras, incluindo consórcios para obras em Pernambuco, na Refinaria Abreu e Lima, e serviços no Rio de Janeiro.
Os valores, que chegam a até R$ 3 milhões por transação, seriam referentes à prestação de serviços de consultorias. Ainda não há a apuração do volume total movimentado. Um mandado de condução coercitiva (para prestar esclarecimentos) foi expedido contra Daniel, que está nos Estados Unidos e já fez comunicação com a Polícia Federal. Já está marcada uma data para seu depoimento, mas o dia não foi revelado por fontes da PF.
“Há indicativos de que estas empresas (onde foram cumpridos os mandados de busca e apreensão) não possuíam quadro de funcionários qualificados para prestar serviços de consultoria, que requerem expertise. Esta nova fase das investigações busca esquemas similares ao que envolve Costa e o doleiro Alberto Yousef (também preso na Operação Lava Jato)”, explicou o procurador regional da República Carlos Fernando Santos Lima.
Segundo a delegada da PF, Erika Mialik Marena, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em quatro locais diferentes, sendo em 10 empresas e em uma residência. Entre as empresas, oito funcionam em salas comerciais em um mesmo edifício. “Elas estão em salas diferenciadas, em um mesmo edifício. Mas há indicação de que estas salas fazem parte de um mesmo ambiente”, comentou. Há menções dos clientes destas empresas investigadas em documentos apreendidos com Costa.
Lima contou que o nome de Marcelo Barboza Daniel surgiu durante as investigações, porque Costa alegou que o dinheiro encontrado em sua residência era objeto de um empréstimo feito a ele por Daniel. O empréstimo, realizado em 2013, era de R$ 1,9 milhão. No ano anterior, Mesquita declarou ter recebido uma doação de R$ 1 milhão de Daniel. Segundo o MPF, o suposto empréstimo e a doação podem justificar o repasse de valores de propina com envolvimento de Costa.
O volume apreendido no cumprimento dos mandados de busca e apreensão - documentos e material de informática - será encaminhado para Curitiba, onde será analisado pela força tarefa do MPF e a Polícia Federal. “À princípio, não há situação que exija a expedição de mandados de prisão”, salientou Lima.
Colaboração
O delegado da PF Eduardo Mauat da Silva, que faz parte dos trabalhos da Operação Lava Jato, explicou que há presos e pessoas envolvidas com o esquema que estão dispostos a colaborar nas investigações. Mas de acordo com ele e com Lima, não existe qualquer acordo ou pré-acordo para delação premiada com nenhum dos envolvidos.