O Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito civil contra o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) para investigar suposto "gabinete do ódio" na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Garcia teria permitido que seu chefe de gabinete, Edson Pires Salomão, utilizasse o equipamento público da Alesp para atacar ministros do Supremo Tribunal Federal e adversário políticos, como a deputada Joice Hasselmann.
O inquérito que investiga suposta prática de atos de improbidade administrativa se deu após representação encaminhada pelo deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP). Segundo o inquérito, consta na representação que Salomão gravou vídeos e realizou diversas postagens no interior do gabinete do deputado com recursos públicos e durante o horário de expediente.
Nessas ocasiões, diz o documento, "tais agentes públicos, supostamente líderes de 'milícia digital', teriam agido em prol de associação civil, como dirigentes do Movimento Conservador, adotando a estratégia de mobilização de ataques cibernéticos belicosos que violam a ordem democrática".
Ao Estadão, o deputado Douglas Garcia afirmou que Salomão sempre trabalhou de forma regular enquanto chefe de gabinete, exercendo o direito de manifestação nas publicações em suas próprias redes sociais. "Nenhum computador da Assembleia Legislativa foi usado para atacar quem quer que seja, muito menos existe um robô operando no meu gabinete parlamentar ou então empresas contratadas por mim ou pelo meu mandato para atuar nesse sentido, isso é mentira", disse o parlamentar. Segundo ele, a denúncia trata-se de uma perseguição política daqueles que antes apoiavam o presidente Jair Bolsonaro. Procurado, Salomão preferiu não dar entrevista.
Salomão está entre os alvos de busca e apreensão da Polícia Federal na semana passada, realizada após ordens judiciais expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news. Garcia está na lista dos deputados que o ministro do Supremo pretende ouvir.
O deputado é um dos principais líderes do Movimento Conservador, que funciona dentro de seu gabinete no parlamento estadual. Edson Salomão é o presidente do grupo. Ambos são ligados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
O MP-SP afirma que abriu inquérito diante da necessidade de melhor apuração do fatos. Além de Garcia e Salomão, estão entre os oficiados o presidente da Assembleia, deputado Cauê Macris, e a deputada federal Joice Hasselmann.