MPF pede reparação financeira para policiais atacados por Roberto Jefferson

Procuradores pedem R$ 50 mil para cada um dos dois policiais feridos e mais R$ 30 mil para outros agentes que participaram da operação

8 dez 2022 - 10h16
(atualizado às 10h26)
Jefferson admitiu ter recebido os policiais com granadas
Jefferson admitiu ter recebido os policiais com granadas
Foto: DW / Deutsche Welle

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta quarta-feira, 7, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) por ter atacado policiais que foram prendê-lo em outubro passado na casa dele, em Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro. Os agentes cumpriam ordem do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes.

Os promotores afirmam que Roberto Jefferson tentou matar, de forma intencional, quatro policiais federais. Eles pedem ainda reparação financeira aos agentes atacados a tiros e granadas pelo ex-deputado.

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Em depoimento, Jefferson admitiu ter recebido os policiais com granadas e relatou ter dado mais de "50 tiros de fuzil" na direção dos agentes. Na ocasião, dois policiais ficaram feridos com estilhaços.

A denúncia do MPF pede que seja pago a cada policial ferido a quantia de R$ 50 mil, pelos danos materiais e imateriais sofridos. Além disso, o documento pede R$ 30 mil para os outros dois policiais federais que participaram da operação. O pedido ainda prevê pagamento de R$ 26.780 em reparos feitos na viatura policial atingida.

Se a denúncia for aceita na íntegra, Jefferson responderá por quatro tentativas de homicídio, resistência qualificada, posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e munição de uso permitido e restrito e posse de três granadas adulteradas.

O ex-deputado já havia sido indiciado pela PF por 4 tentativas de homicídio.

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O caso

Em 23 de outubro, por ordem de Moraes, Jefferson foi alvo de uma operação policial, para a prisão do aliado do presidente Jair Bolsonaro.

A ação ocorreu na casa de Jefferson, onde ele cumpria prisão domiciliar, a qual foi revogada por Moraes devido a "notórios e públicos descumprimentos" de decisões judiciais.

O ex-parlamentar, entretanto, reagiu, atirando contra integrantes da Polícia Federal, ferindo dois policiais. "Eu não vou me entregar. Eu não vou me entregar porque acho um absurdo. Chega, me cansei de ser vítima de arbítrio, de abuso", diz Jefferson em um vídeo divulgado nas mídias sociais.

Em outra gravação, o ex-deputado afirma: "Não estou atirando em cima deles, eu dei perto, eu não atirei neles". Pouco depois, reitera: "Não atirei em ninguém para pegar. Atirei no carro e perto deles".

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Na época, em meio à campanha de reeleição, Bolsonaro publicou texto nas mídias sociais afirmando que repudiava a "ação armada".

O então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o comportamento de Jefferson não podia ser considerado "normal".

Ofensas contra Cármen Lúcia

Jefferson cumpria prisão domiciliar em sua casa na cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do estado do Rio de Janeiro, a cerca de 140 quilômetros da capital fluminense. O bolsonarista foi acusado de ter violado diversas vezes várias medidas cautelares impostas para a garantia da prisão domiciliar, que incluíam a proibição de receber visitas sem prévia autorização, usar redes sociais e conceder entrevistas.

A revogação da prisão teve como estopim um vídeo em que o ex-deputado xinga a ministra Cármen Lúcia.

A gravação foi postada no perfil da ex-deputada federal Cristiane Brasil, filha de Jefferson. Nela, o petebista chamava Cármen Lúcia de "Bruxa de Blair" e de "Cármen Lúcifer" e ainda comparava a magistrada a uma "prostituta".

Na audiência de custódia, o juiz auxiliar do STF Aírton Vieira decidiu manter a prisão de Jefferson. Ele foi levado a Bangu 8, onde já havia ficado preso por seis meses até receber o direito de prisão domincilar, em janeiro de 2022.

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