Mujica acusa direita no Brasil de querer criminalizar Dilma

"Há uma dura, frenética e pensada campanha da extrema direita que procura criminalizar o PT, a senhora presidente e Lula", opinou Mujica

14 jul 2015 - 19h38
(atualizado às 21h33)
Mujica sustentou que a política de inclusão social realizada pelo governo petista no Brasil desde 2003 não foi suficiente porque ainda há "diferenças internas avassaladoras que conseguiram diminuir, mas só diminuir", e afirmou que ainda há "muito pela frente"
Mujica sustentou que a política de inclusão social realizada pelo governo petista no Brasil desde 2003 não foi suficiente porque ainda há "diferenças internas avassaladoras que conseguiram diminuir, mas só diminuir", e afirmou que ainda há "muito pela frente"
Foto: Mujica Haciendo Cosas / Reprodução

O ex-presidente do Uruguai José Mujica disse nesta terça-feira (14) em seu programa de rádio que a extrema direita brasileira promove uma campanha para "criminalizar o PT porque não pode aceitar a liderança de homens e mulheres que não são da sua entranha".

"Há uma dura, frenética e pensada campanha da extrema direita que procura criminalizar o PT, a senhora presidente (Dilma Rousseff) e Lula", opinou Mujica, que acrescentou que essa conjuntura lembra a época de Getúlio Vargas (1930-1945 e 1951-1954), "esse grande presidente da história do Brasil".

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O ex-presidente não fez referências a episódios concretos, mas assinalou que essa campanha de "criminalização começou há mais de dois anos, e usa toda a artilharia possível, naturalmente tendo como ponta de lança os grandes meios de comunicação que estão ao seu serviço".

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Para ele há um Brasil "conservador, reacionário, que pensa com um selo paulista como se São Paulo fosse uma nova metrópole, e que como tal o resto do país deve se subordinar".

Desde o início deste ano, o chamado Movimento Brasil Livre, nascido em São Paulo, convocou protestos em várias cidades do país contra a presidente brasileira, a acusando de ter responsabilidade no escândalo de desvio de dinheiro público na Petrobras.

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Em maio, cerca de 300 manifestantes em Brasília entregaram ao Congresso um documento exigindo o início de um julgamento político para a cassação de Dilma por corrupção.

Para Mujica há um Brasil "conservador, reacionário, que pensa com um selo paulista como se São Paulo fosse uma nova metrópole, e que como tal o resto do país deve se subordinar".
Foto: Agência Brasil

Nesse contexto, Mujica classificou como natural que se queira "obscurecer a façanha" que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva significou porque "esse ranço capitalista do Brasil imperial não pode aceitar a liderança de homens e mulheres que não são de sua entranha, mas definitivamente tendem a ser e representar as imensas maiorias".

"Tirar 40 milhões de cidadãos da miséria. É isso o que significou o governo do PT e principalmente o impulso de Lula, assinando talvez em termos quantitativos a maior façanha da história econômica da América Latina, se por façanha se entende como vivem as pessoas e não simplesmente números, papéis", avaliou.

Além disso, Mujica sustentou que a política de inclusão social realizada pelo governo petista no Brasil desde 2003 não foi suficiente porque ainda há "diferenças internas avassaladoras que conseguiram diminuir, mas só diminuir", e afirmou que ainda há "muito pela frente".

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"Este dilema político que está colocado hoje definirá a sorte de milhões de brasileiros que, conscientes ou não, ainda sofrem discriminação de caráter econômico nesse país continental, tão rico e tão importante para o resto dos latino-americanos", ressaltou.

No final dos quase 10 minutos que dedicou a este tema na rádio local "M24", o ex-presidente uruguaio disse que "está com aqueles que dentro do Brasil lutam pela igualdade, pelo desenvolvimento, por compartilhar a riqueza, por fazer crescer a justiça social e por multiplicar a irmandade entre os povos latino-americanos".

"O outro é uma lição imperial que já conhecemos e naturalmente não podemos ser neutros", concluiu.

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