'Não entendo os argumentos', diz Bebianno sobre áudios

Em entrevista, ex-ministro e ex-presidente nacional do PSL reforçou o argumento de que não havia responsabilidade direta dele com as candidaturas laranjas em outros Estados

19 fev 2019 - 19h31
(atualizado às 19h47)

O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, rebateu nesta terça-feira, 19, argumentos do presidente Jair Bolsonaro sobre um encontro marcado com o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo, e a troca de mensagens entre os dois enquanto o presidente estava internado. Ele afirmou, no programa "Os Pingos nos Is" da rádio Jovem Pan, que tentava desenvolver relações "positivas" com a imprensa, e que outros dois ministros já haviam se encontrado com a mesma pessoa.

"Não entendo os argumentos", disse Bebianno sobre as falas do presidente em que diz que receber o representante da Globo significaria "trazer o inimigo para dentro de casa", como disse o presidente.

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Gustavo Bebianno em São Paulo
29/09/2018 REUTERS/Amanda Perobelli
Gustavo Bebianno em São Paulo 29/09/2018 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

Bebianno disse que constatou que Tonet já havia se reunido com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, e com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno. As reuniões teriam ocorrido nos dias 9 de janeiro e 6 de fevereiro deste ano, respectivamente. "Dessa forma, entendi que deveria receber o senhor Tonet, sim, para uma conversa institucional", disse o ex-ministro.

Bebianno também rebateu as acusações de que teria responsabilidade no caso de candidaturas do PSL suspeitas de serem laranjas, nas eleições de 2018. Sobre o sistema de distribuição do Fundo Partidário do diretório nacional do partido para os estaduais, o ex-ministro justificou que os depósitos feitos diretamente às candidatas de Pernambuco e de demais Estados foram originários de indicações dos diretores estaduais. As candidatas eram escolhidas pelos diretores estaduais e os nomes repassados para Bebianno, na época presidente nacional do partido, que assim depositava em suas contas, segundo sua explicação. 

Bebianno também relatou ter escrito uma explicação para o presidente Jair Bolsonaro e uma cópia "mais aprofundada" para os generais que fazem parte do governo. "Expliquei como funciona a divisão de verbas, o general Heleno, Santos Cruz, Floriano Peixoto, leram aquilo, compreenderam a situação e viram, pelo menos naquele momento, que a minha explicação era muito consistente". 

Sobre sua afirmação ao jornal O Globo, de que não havia crise instaurada no governo, Bebianno justificou que respondeu dessa maneira pelo motivo de que "não havia porquê alguém do Palácio tratar desse assunto lá. Uma suposta crise, se viesse a existir, estaria em Pernambuco, não em Brasília. É uma questão de competência legal, por isso disse que 'não há crise'".  

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