O deputado federal que teve o mandato cassado, Deltan Dallagnol (Podemos-PR) disse em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, desta segunda-feira, 29, que defenderia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Deltan afirmou que só votou em Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais para evitar a eleição de Lula. "Avaliando Lula, avaliando Bolsonaro, eu não penso duas vezes em defender Bolsonaro contra Lula", declarou durante a entrevista.
A entrevista foi assistida ao vivo por mais de 15 mil pessoas em redes sociais e foi parar entre os assuntos mais comentados no Twitter. O deputado foi questionado por jornalistas sobre o processo de cassação, o apoio a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022 e os conflitos éticos em torno da atuação à frente da Operação Lava Jato.
O deputado foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e disse que o atual presidente defende ditaduras, citando o encontro de Lula com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta segunda-feira, 29.
"É um problema de uma visão de mundo que justifica os fins pelos meios, a ponto de apoiar ditaduras porque implantam governos de esquerda", criticou Deltan.
O deputado cassado ainda disse que Bolsonaro não fez o mesmo, porém, o ex-presidente já se encontrou com o príncipe saudita Mohammad bin Salman, herdeiro de um regime acusado de violar direitos humanos.
Em outro momento da entrevista, Deltan disse que os ministros do TSE determinaram sua cassação "por interesse". "Um ministro chega ao tribunal superior não só porque é indicado pelo presidente, mas porque é apoiado por uma série de partidos e figurões da nossa República. [...] Essas pessoas querem vingança, o sistema quer vingança"
Ele disse acreditar que sua cassação aconteceu fora da lei, afirmando que irá recorrer à corte, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à própria Câmara. "O TSE emitiu uma decisão que criou uma inelegibilidade que não está prevista na lei para me cassar. Isso aconteceu fora da lei".
Durante a entrevista ao Roda Viva, Deltan defendeu que as pessoas presas pelos atos golpistas de 8 de janeiro devem ter suas condutas individualizadas. "Imagens das câmeras de segurança mostram que tinham pessoas tentando evitar qualquer dano, atentado. Você precisa dizer o que cada um fez, e você tem câmeras de segurança para dizer isso".
"Todo mundo sabe, quem não é ingênuo, como funcionam as decisões em Brasília. Alguns ministros vão decidir em cima da lei, e vários vão decidir por interesse. Isso é sabido, como a coisas funcionam no Brasil", completou.
Cassação
Deltan Dallagnol teve seu mandato como deputado federal cassado por fraude à Lei da Ficha Limpa, ao sair do Ministério Público Federal (MPF), em novembro de 2021. Ele renunciou ao cargo de procurador da República assim que houve sinais de que ele poderia ser exonerado pro desvio de conduta.
Caso ele tivesse sido punido com um processo disciplinar, ele teria se tornado inelegível, isto é, não poderia ser eleito deputado.
Os ministros do TSE acataram dois recursos apresentados contra a candidatura de Deltan em 2022. Um deles foi movido pela Coligação Brasil da Esperança, do presidente Lula (PT), e outro pelo PMN.
Dallagnol pode recorrer, mas a decisão do TSE tem validade automática. Deltan disse que apresentará um recurso nesta terça-feira, 30, ao TSE, para contestar sua cassação. Durante entrevista ao programa Roda Viva, ele confirmou que apresentará embargos de declaração para a Corte, ao mesmo tempo em que recorrerá perante a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
*Com informações do Estadão Conteúdo.