O presidente Jair Bolsonaro usou o evento de comemoração de 200 dias de seu governo, em Brasília, na tarde desta quinta-feira, para criticar o uso de dinheiro público para financiar filmes que, segundo ele, contrariam o "respeito com as famílias".
"Agora há pouco, o Osmar Terra (ministro da Cidadania) e eu fomos para um canto e nos acertamos. Eu não posso admitir que, com o dinheiro público, se faça um filme como o da Bruna Surfistinha. Não dá. Não temos problema com essa opção ou aquela. O ativismo é que não podemos permitir, em respeito com as famílias. É uma coisa que mudou com a chegada do governo", disse o presidente, se referindo à obra que narra a história de uma ex-garota de programa e que foi estrelado por Deborah Secco.
O ministro da Cidadania, Osmar Terra, confirmou que a direção da Agência Nacional do Cinema (Ancine) será transferida para Brasília. O restante dos funcionários, segundo ele, ficariam no Rio de Janeiro.
Nesta quinta-feira, Bolsonaro assinou a transferência do Conselho Superior de Cinema, responsável pela política nacional de audiovisual, do Ministério da Cidadania para a Casa Civil. O objetivo é que o Palácio do Planalto tenha mais influência sobre o órgão. Oficialmente, o intuito é "fortalecer a articulação e fomentar políticas públicas necessárias à implantação de empreendimentos estratégicos para a área".
No evento, o presidente focou mais em questões ideológicas e deixou de lado medidas econômicas. Ele voltou a falar da suspensão do vestibular que reservava 120 vagas para transgêneros e pessoas não-binárias, o que, para ele, é algo que não pode acontecer. Ele disse que por ser um vestibular "exclusivo" significa que "não tem espaço para quem for heterossexual".
Bolsonaro também disse que não sabia o que era "não-binário," foi pesquisar, mas não ia comentar em respeito aos presentes. A categoria de pessoas que não se definem exclusivamente como homem ou mulher é contemplada em glossário da Organização das Nações Unidas (ONU). "Não podemos preservar um concurso público que tem esse comportamento. Tenho de levar avante as bandeiras que fizeram o povo acreditar em mim", afirmou Bolsonaro
O presidente também usou o evento para, mais uma vez, cogitar concorrer a uma reeleição ao final do mandato. "Temos grande desafio, entregar em 2023 ou 2027 um Brasil melhor a quem nos suceder".
O presidente que expressa publicamente sua admiração por torturadores, pede a legalização das milícias e elogia grupos de extermínio diz que não pode admitir filmes como o da Bruna Surfistinha. Eis a régua moral de Bolsonaro.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) July 18, 2019
Preocupações presidenciais — "Eu não posso admitir que com dinheiro público se façam filmes como o da Bruna Surfistinha. Não dá"
— Bernardo Mello Franco (@BernardoMF) July 18, 2019
Que o Bolsonaro é contra a cultura, principalmente o audiovisual, todo mundo já sabe. Mas ele falar que "não faz sentido fazer filmes como bruna surfistinha com recursos da ancine" ele tá sendo contra um projeto que deu lucro pro estado. Isso eu não sabia que ele era contra.
— Fernando Fraiha (@FernandoFraiha) July 18, 2019
“Vamos governar sem viés ideológico”. (Bolsonaro, o crítico cinematográfico) https://t.co/8SYcw4XuNw
— Henry Bugalho (@henrybugalho) July 18, 2019
Bolsonaro:"Eu não posso admitir que com dinheiro público se faça um filme como Bruna Surfistinha, por isso trouxe a Ancine para a Casa Civil. Eu não posso permitir que um concurso público seja exclusivo para transsexuais e não binários e colocamos um ponto final nessa questão."
— VistaDireitaBrasil (@BrazilFight) July 18, 2019
Um dos poucos filmes razoavelmente conhecidos pelos brasileiros vira exemplo? 🤷
'Não posso admitir que façam filmes como o da Bruna Surfistinha', diz Bolsonaro https://t.co/BuJcrEFeoi
— Magno Karl (@DerMagno) July 18, 2019
Sobrou até pra bruna surfistinha...
— Maria Fernanda Peres 🙊🙈🙉 (@mftperes) July 18, 2019
E no discurso de 200 dias de governo, Bolsonaro falou sobre:
- Filme da Bruna Surfistinha
- De um vídeo que recebeu no zap sobre linguiça
- Fim do horário de verão
- Da amizade dele com Helio Negão (2x)
- Eduardo Bolsonaro embaixador
Ou seja, 200 dias de porra nenhuma!
— Camarada Viktor (@vitortorres) July 18, 2019
Com informações do Estadão Conteúdo.