'Não podemos permitir que nossa liberdade seja açoitada', diz Bolsonaro, sobre censura à Jovem Pan

Presidente afirma que, caso seja reeleito, haverá mais independência entre Poderes; durante campanha em Guarulhos, Bolsonaro diz ainda que seu maior compromisso é com a liberdade

22 out 2022 - 17h25
(atualizado às 17h36)
Foto: Carla Carniel / Reuters

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, reafirmou neste sábado, 22, em Guarulhos, na Grande São Paulo, que os Poderes terão maior independência, caso vença as eleições. Ao lado do candidato ao governo paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. o presidente disse que seu maior compromisso, em um eventual segundo mandato, será com a liberdade.

"Mais do que escolher um governador e um presidente no dia 30 de outubro, é uma forma de vida que vocês vão escolher daqui para frente", afirmou. "Hoje, a população acordou para a importância também da liberdade. Não podemos admitir censura em nosso País", afirmou, referência ao caso da Jovem Pan.

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu a veiculação de conteúdos enganosos pela emissora. "Não podemos deixar que isso continue. A imprensa tem que ter liberdade. Imprensa calada é o pior que pode acontecer. Após o dia 30 de outubro, a questão da liberdade vai se acalmar em nosso País", assegurou, sem detalhar quais medidas pretende tomar.

Bolsonaro também garantiu que "haverá mais independência entre poderes", se reeleito. "Não queremos atritos, mas não podemos permitir que nossa liberdade continue sendo açoitado. Após as eleições, nenhum outro órgão será atingido com censura."

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Decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que impuseram à rádio Jovem Pan a concessão de direitos de resposta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a "abstenção" de se manifestar sobre temas cuja abordagem foi classificada como "ofensiva" pela defesa do petista reforçaram o debate sobre a atuação e critérios adotados pela Corte no combate à desinformação. As decisões do TSE impõem censura prévia à emissora e ferem direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal. Especialistas ouvidos pela reportagem corroboram essa interpretação.

Realizado em um espaço fechado, o evento realizado em Guarulhos teve também a participação de políticos aliados, como o deputado federal Celso Russomano (Republicanos-SP); o prefeito de Guarulhos, Guti (PSD); o senador eleito por São Paulo, Marcos Pontes (PL); e o candidato derrotado à Presidência Padre Kelmon (PTB), que foi exaltado por Bolsonaro.

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"Existem aquelas pessoas que fazem a diferença. Padre Kelmon é um líder religioso que apareceu do nada, mas fez a diferença naquele debate. Chamo de padre que caiu do céu", agradeceu o candidato, pedindo uma salva de palmas ao aliado que estava no palco.

Ao se referir à ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no debate marcado para ocorrer nesta sexta, 21, Bolsonaro usou as expressões "o ladrão que fugiu", "o descondenado que escafedeu-se" e o "chefe de organização criminosa que resolveu desaparecer" para se referir à ausência do petista no encontro, que acabou virando uma sabatina. O próximo confronto dos dois seria neste domingo, 23, nos estúdios da Rede Record - Lula, no entanto, avisou que não participará.

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Durante a entrevista ocorrida no SBT, o presidente voltou a condicionar sua aceitação do resultado da eleição à análise dos militares. "Os militares foram convidados na defesa eleitoral, se nada for encontrado, você não tem porque duvidar", afirmou.

Disputa paulista

Antes do discurso de Bolsonaro, Tarcísio pediu voto para reeleger o presidente e para que seus eleitores convençam quem ainda está indeciso. "Será muito mais fácil se a gente tiver alinhamento federal. Preciso da ajuda de vocês pra reelegermos o presidente Bolsonaro, que cada um de vocês convença aqueles indecisos, os que não foram votar no primeiro turno ou que votaram branco ou nulo", pediu o ex-ministro.

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Disputando o segundo turno da eleição em São Paulo com o petista Fernando Haddad (PT), Tarcísio afirmou que a ajuda federal será essencial para que o Estado tire projetos do papel, como o trem intercidades, a construção do Hospital da Mulher de Guarulhos, o término do Rodoanel e a extensão do metrô até Guarulhos.

"A primeira cidade a ter metrô fora da capital será Guarulhos", prometeu Tarcísio. Ele disse ainda que "fará o Estado crescer mais que a China, que os Estados Unidos e que os países da zona do euro", a partir da geração de empregos.

Antes de os candidatos chegarem ao palco, o público ecoou orações, gritos de "mito" e cânticos em favor da Jovem Pan e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão", gritavam. A plateia era pouco diversa - maioria branca e masculina - com muitos idosos, crianças e famílias. Antes do discurso, também cantaram o hino nacional.

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Apesar de o petista ter tido vantagem sobre o atual presidente no cenário nacional do primeiro turno - alcançou por 48,4% dos votos válidos. contra 43,2% de Bolsonaro -, o atual presidente se saiu melhor no Estado e em algumas cidades grandes, como Guarulhos. Ele teve 45,46% dos votos (ou 331.178), enquanto Lula foi a escolha de 42,79% dos eleitores (311.756 votos) do município. Para o cargo de governador, Tarcísio recebeu 40,90% dos votos (261.531 votos) e Fernando Haddad, 39,31% (251.353 votos) na cidade. O segundo turno será no dia 30 de outubro.

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