Nestor Cerveró defende compra de Pasadena em CPI esvaziada

22 mai 2014 - 13h13
(atualizado às 13h29)

Diante de apenas três senadores, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró compareceu nesta quinta-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado e desfiou dados técnicos para sustentar a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Em sintonia com o depoimento do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli, na última terça-feira, Cerveró insistiu que o planejamento estratégico da companhia apontava para a necessidade da compra de uma refinaria no exterior.

“Nosso plano apontava para a necessidade de expansão do refino fora do Brasil. Havia produção crescente de petróleo pesado na Bacia de Campos. Aliado a isso, o mercado americano crescia em taxas elevadas”, disse Cerveró.

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Desta vez nem os governistas deram as caras na CPI. Na sala, estavam presentes apenas o presidente do colegiado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), o relator, José Pimentel (PT-PI), e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A oposição boicota a comissão porque defende uma CPI mista, com a presença de deputados, que deve começar a funcionar na próxima quarta-feira.

Da mesma forma como conduziu o depoimento de Gabrielli, na última terça-feira, o relator José Pimentel também indicou antecipadamente a Cerveró as perguntas que faria durante a oitiva na CPI. Munido com documentos e desfilando dados técnicos, Cerveró não teve qualquer dificuldade para responder aos questionamentos e sequer passou por inquirições mais incisivas.

Nestor Cerveró destacou que Pasadena era uma oportunidade única para a Petrobras. Em primeiro lugar está o fator geográfico, porque a refinaria está perto de Houston e do Golfo do México, numa posição estratégica. Segundo o ex-diretor, também ajudou o fato de a planta ter todas as licenças de operação requeridas pelo governo americano, algo raro, na avaliação de Cerveró.

Segundo o ex-diretor, a estratégia da Petrobras era duplicar a capacidade da refinaria para a produção de 200 mil barris de petróleo por dia, além de adequá-la ao processamento do óleo pesado brasileiro. Como o planejamento nunca saiu do papel, Cerveró disse que não é possível avaliar se Pasadena foi ou não um “bom negócio”. “Não tem como ser avaliado porque tinha uma alta rentabilidade prevista”, alegou.

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O ex-diretor também refutou os dados que indicariam que a Astra Oil, ex-sócia da Petrobras em Pasadena, teria vendido a refinaria por US$ 48 milhões. “O valor pago pela Astra Oil foi muito explorado pela mídia, mas não foram US$ 48 milhões, como amplamente noticiado. Isso é totalmente irreal. A Astra teve que investir nessa unidade e para colocá-la em operação gastou US$ 360 milhões. Não era uma refinaria sucateada e não custou só US$ 48 milhões”, enfatizou.

Nestor Ceveró é o autor do resumo executivo que orientou a compra da refinaria de Pasadena, em 2006, e que foi decisivo para o aval da presidente Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da estatal. Questionada esse ano sobre seu apoio, Dilma culpou o relatório de Cerveró, chamando-o de “falho”. Cerveró, que este ano ocupava a diretoria financeira da BR Distribuidora, acabou demitido dias depois.

Fonte: Terra
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