New York Times diz que "ameaças de golpe abalam o Brasil"

O jornal americano publicou matéria que teve destaque na capa da versão impressa afirmando que aumento de mortes por coronavírus faz presidente Jair Bolsonaro assumir tendências autocráticas

10 jun 2020 - 13h01
(atualizado às 13h47)

O jornal americano The New York Times publicou em matéria que teve destaque na capa da sua versão impressa que o presidente Jair Bolsonaro tem feito "ameaças de golpe abalam o Brasil com aumento das mortes por vírus". Segundo o jornal, o País vive uma crise que ameaça "desmantelar a maior democracia da América Latina".

Reportagem de capa do New York Times fala em 'ameaça à democracia' no Brasil
Reportagem de capa do New York Times fala em 'ameaça à democracia' no Brasil
Foto: Reprodução / Estadão Conteúdo

"Enquanto o Brasil se recupera de sua pior crise em décadas, o presidente Bolsonaro e seus aliados estão usando a perspectiva de intervenção militar para proteger seu poder", diz a matéria, assinada por Simon Romero, ex-correspondentes do jornal no país, e outros dois repórteres.

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"As ameaças estão girando em torno do presidente: as mortes por vírus no Brasil são agora as mais altas do mundo. Os investidores estão fugindo do país. O presidente, seus filhos e aliados estão sob investigação. Sua eleição pode até ser anulada", diz a publicação.

"A crise tornou-se tão intensa que algumas das figuras militares mais poderosas do Brasil alertam para a instabilidade - enviando estremecimentos que poderiam assumir e desmantelar a maior democracia da América Latina", diz a matéria.

A reportagem faz um compilado dos diversos embates no último mês entre o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e aliados, com o Legislativo e com o Judiciário, e as frequentes ameaças e desafios a outros Poderes e instituições.

"Em vez de de denunciar a idéia, o círculo mais próximo do presidente parece estar clamando para que os militares entrem na briga. De fato, um dos filhos do presidente, um congressista que elogiou a antiga ditadura militar do país, disse que uma 'ruptura' institucional semelhante era inevitável", diz a reportagem.

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O Brasil tem tido destaque negativo na imprensa internacional e entre analistas. A casa de análises Rosa & Roubini, dos economistas Brunello Rosa e Nouriel Roubini, destacou na segunda-feira, dia 8, que "quase dois anos depois de Bolsonaro assumir" ele tem tido comportamentos cada vez mais autocráticos.

"Bolsonaro não está apenas provando ser o líder mundial que reluta mais em adotar medidas de contenção contra a disseminação do covid-19, uma relutância que tornou o Brasil o novo epicentro da pandemia, junto com os EUA, mas um juiz da Suprema Corte do país também acusou Bolsonaro de querer abolir a democracia no Brasil para estabelecer uma ditadura abjeta"'.

No último domingo, 7, o jornal britânico Financial Times publicou um editorial no qual aponta o presidente da República, Jair Bolsonaro, como um risco à democracia no País. No texto, a tradicional publicação internacional diz que Bolsonaro "acendeu o medo" na democracia brasileira e que existe risco crescente de uma virada autoritária.

O periódico menciona o estreito vínculo do presidente brasileiro com o Exército e seu aval a manifestações que vêm pedindo a volta da ditadura militar, relata os embates recentes do Executivo com outros instituições do País e alerta para o risco "real" à maior democracia da América Latina.

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A publicação recorre a acontecimentos recentes da política nacional para justificar a tese. Entre elas, cita a preocupação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello que comparou o cenário nacional à República de Weimar - da Alemanha, que precedeu a 2ª Guerra - e criticou os apoiadores do presidente que estariam atacando a democracia para instaurar uma ditadura.

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