Nova fase da Lava Jato aponta 11 operadores do esquema

Outro fato identificado foi a relação de uma empresa de Santa Catarina envolvida com o pagamento de propinas para a BR Distribuidora

5 fev 2015 - 11h04
(atualizado às 12h51)
O procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima (à esq.), os delegado Igor de Paula e Marcio Anselmo e o superintendente regional da PF Rosalvo Franco durante coletiva de imprensa na sede da PF, em Curitiba, sobre a nona fase da Operação Lava Jato
O procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima (à esq.), os delegado Igor de Paula e Marcio Anselmo e o superintendente regional da PF Rosalvo Franco durante coletiva de imprensa na sede da PF, em Curitiba, sobre a nona fase da Operação Lava Jato
Foto: Vagner Rosario / Futura Press

A nona fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira, revelou duas novas partes do esquema de pagamento de propinas relacionado a contratos com a Petrobras. Segundo informações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, há indícios de atuação de 11 operadores do esquema na diretoria de serviços da empresa, comandada anteriormente por Renato Duque, que chegou a ser preso durante a operação. Outro fato identificado foi a relação de uma empresa de Santa Catarina, a ARXO, envolvida com o pagamento de propinas para a BR Distribuidora. Esta empresa produz tanques de combustível e veículos para abastecimento.

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Até o momento, dos três mandados de prisão temporárias emitidas pela Justiça, dois já foram cumpridos, em Itajaí, em Santa Catarina. Os presos serão conduzidos para Curitiba. Ainda há uma prisão preventiva em aberto, de um investigado que se encontra no exterior. Por enquanto ele não é considerado foragido porque deve embarcar ainda nesta quinta-feira para o Brasil. A PF está monitorando a situação. Ainda há 18 mandados de condução coercitiva – quando as pessoas são levadas para prestar esclarecimentos e depois liberadas.

Neste caso, já está confirmado o nome do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, como uma das pessoas que foram conduzidas para esclarecimentos. Foi cumprido um mandado de busca e apreensão na residência dele, com o objetivo de coletar provas. Segundo a PF e o MPF, um colaborador das investigações citou o nome de Vaccari. Por enquanto, não há qualquer acusação. Entre os investigados na operação desta quinta, somente ele tem ligação com partido político. 

Ao todo, 26 empresas estão sendo alvos de mandados de busca e apreensão. Em uma das empresas foi encontradas um grande volume de dinheiro. A maior parte delas são empresas de fachada, para justificar o pagamento de propinas. 

Em relação aos contratos relacionados com a diretoria de serviços da Petrobras, foram identificados 11 possíveis operadores do esquema. Na operação desta quinta, dez foram levados para condução coercitiva e um teve a prisão preventiva decretada. Eles estariam envolvidos com o pagamento de propinas para agentes públicos da Petrobras. Ainda não há estimativas de valores que podem ter sido pagos ou desviados. A PF e o MPF revelaram que há fatos próximos envolvendo o grupo, produzidos em 2014.

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Segundo o delegado Igor Romário de Paula, a nona fase da Operação Lava Jato foi chamada de Operação My Way, expressão usada por Pedro Barusco, gerente da Petrobras que era braço direito de Renato Duque, para chamar o ex-diretor da empresa. A operação foi baseada em informações vindas de delações premiadas e testemunhas que procuraram a força-tarefa que investiga o caso. Um balanço da operação deve ser divulgado no fim desta tarde.

Procurada, a ARXO enviou nota à reportagem. De acordo com ela, o setor administrativo da empresa está com atividades suspensas para que os profissionais possam prestar informações solicitadas pela Receita e Polícia Federal. "A intenção da empresa é contribuir com o trabalho das autoridades, ajudando-os com todo e qualquer esclarecimento necessário. A produção fabril opera sem alterações", diz o comunicado. 

Fundada em 1967 em Balneário Piçarras, a ARXO é uma fornecedora de equipamentos para o setor de combustíveis. Na semana passada, a companhia anunciou que projeta um faturamento de R$ 196 milhões em 2015, dos quais R$ 172 milhões provenientes do setor de combustível. O comunicado informou que o resultado seria impulsionado pelas novas operações numa fábrica em Pernambuco e a construção de unidades em Araguari (MG) e no Paraguai. Os planos da empresa previam um crescimento de 20% ao ano até atingir R$ 1 bilhão de faturamento em 2015.

Fonte: Especial para Terra
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