A segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permanecerá sob os cuidados de equipe da Polícia Federal (PF) no início do governo, em 2023, por desconfiança do PT dos militares lotados no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência.
A mudança no esquema da segurança, considerada por integrantes da equipe de Lula como provisória, esvazia o ministério tradicionalmente responsável pela tarefa.
Aliados de Lula têm dito ser necessário manter a segurança presidencial com a PF diante da "delicadeza" do momento. Em conversas reservadas, dirigentes do PT e ministros indicados pelo partido admitem receio de que o GSI tenha tido sua integridade comprometida por "ideologização" durante o período em que o general Augusto Heleno ocupou a pasta. O militar é um dos aliados mais fiéis do presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegou a dizer que "infelizmente" Lula não estava doente.
O futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), tem tratado o tema com integrantes do GSI e policiais federais, como o futuro diretor-geral da corporação, delegado Andrei Passos, responsável pela segurança de Lula na campanha. A ideia é preparar uma proposta de reestruturação das atribuições do GSI e manter, no âmbito da PF, um departamento para a proteção pessoal do presidente, do vice e de suas respectivas famílias.
Rui Costa afirmou, no início da semana, que haverá uma "estrutura de transição" da segurança de Lula até as definições completas no GSI. Depois de concluídas as mudanças pretendidas, é possível que o gabinete volte a ficar responsável pela função. Quem assumirá o novo GSI é o general Gonçalves Dias, responsável pela segurança de Lula nos dois primeiros mandatos do petista.
O futuro governo mantém diálogo com a atual equipe do GSI com vistas à segurança para a cerimônia de posse de Lula. O ministério, porém, não é o principal responsável pela missão. Passos tem mantido conversas com o governo do Distrito Federal e promete mobilizar "milhares" de militares para a solenidade de 1º de janeiro.