Na véspera do fim do seu mandato, o presidente Jair Bolsonaro (PL) rompeu o silêncio de cerca de dois meses em uma live nesta sexta-feira, 30. Além de fazer um balanço dos quatro anos à frente do Palácio do Planalto e defender suas decisões, o presidente pediu "inteligência" aos apoiadores.
Crítico do ato terrorista em Brasília, no qual um homem plantou um explosivo em um caminhão de combustível perto do aeroporto da capital federal, o presidente reconheceu os esforços dos bolsonaristas, que enfrentaram "sol e chuva" desde 30 de outubro e garantiu que nada "ficará perdido". Por outro lado, ponderou que a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no domingo, 1º, não representará o fim do mundo.
"Não vamos acreditar que o mundo vai acabar em 1º de janeiro. 'Vamos para o tudo ou nada', não. Vamos mostrar que somos diferentes do outro lado", orientou.
O futuro ex-presidente sugeriu que fará oposição ao governo a partir de 2023, já que o "quadro agora em janeiro não é bom" e recomendou que seus apoiadores aproveitem o interesse da população na política brasileira.
"Creio no patriotismo de vocês, na inteligência de vocês", acrescentou.
Crítica ao TSE
Apesar de desencorajar os seguidores a continuarem nos acampamentos que questionam o resultado das eleições, Bolsonaro voltou a criticar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando citou o pedido de impugnação de parte das urnas usadas no segundo turno das eleições. O ainda chefe do Executivo também relembrou o caso da suposta falta de isonomia em inserções de propaganda eleitoral nas rádios.
"Está prevista a posse agora dia 1º de janeiro. Eu busquei dentro das quatro linhas, dentro das leis, respeitando a Constituição, saída para isso. Eu não saí, ao longo do mandato das quatro linhas, porque ou vivemos uma democracia ou não vivemos. Ninguém quer uma aventura. Agora, dentro das quatro linhas precisa ter apoio", disse.
Bolsonaro reiterou o elogio ao "patriotismo" de seus seguidores, que considerou não haver liderança ou coordenação específica. Segundo ele, os protestos devem ser pacíficos e ordeiros e destacou que trabalhou "de domingo a domingo".
"Vou dizer que fui o melhor presidente do mundo? Não. Mas dei o meu sangue ao longo desses quatro anos. Aqui ao lado tem uma piscina. Se eu entrei 20 vezes lá, foi muito. Se eu participei de 10 churrasquinhos, foi muito. Trabalhei de domingo a domingo. Não estou reclamando. Foi um trabalho voluntário ser candidato à Presidência. Não vamos acreditar que o mundo vai acabar em 1º de janeiro. 'Vamos pro tudo ou nada', não. Vamos mostrar que somos diferentes do outro lado", afirmou.