Os três acusados de hostilizar e agredir o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, já prestaram depoimento para a Polícia Federal de Piracicaba, no interior de São Paulo. O advogado do casal Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão e de Alex Zanatta Bignotto, genro dos dois, traçou uma linha de defesa que qualifica o ocorrido na última sexta-feira, 14, no Aeroporto Internacional de Roma, na Itália, como "um mal entendido".
O ministro do STF estava acompanhado por familiares no aeroporto, quando foi atacado com ofensas e agressões por volta das 18h45 do horário local (13h45 no horário de Brasília). O ministro retornava da Universidade de Siena, também na Itália, onde realizou uma palestra no Fórum Internacional de Direito.
Família diz ter sido confundida
No domingo, 16, a família, que reside na cidade paulista de Santa Bárbara d'Oeste, publicou uma nota afirmando que foram confundidos com outros brasileiros que haviam de fato agredido o ministro do STF. Após isso, teria sido iniciada uma "discussão acalorada" e Roberto Mantovani "precisou conter os ânimos" de um jovem que teria ofendido Andréia Munarão.
Segundo as investigações, o jovem empurrado seria o filho de Alexandre de Moraes, um advogado de 27 anos, que teria sido agredido com um tapa no rosto por Mantovani. O texto da família pede "desculpas pelo mal entendido" e não cita expressamente a violência física.
'Foi um entrevero'
O primeiro depoimento do dia começou às 9h, e ouviu o do empresário Roberto Mantovani Filho, acusado de ofender verbalmente o ministro do STF e agredir fisicamente o seu filho. De acordo com Ralph Tórtima Filho, advogado que defende o casal, Roberto admitiu que houve um "entrevero", isto é, uma confusão que envolveu várias pessoas com o filho de Moraes.
No último sábado, 15, o empresário disse ao Estadão que a família foi abordada pela Polícia Federal às 5h daquele, assim que desembarcou no Brasil. Segundo ele, ele estava passando as suas férias com a sua mulher, filhos, genro e netas na Itália. Mantovani afirmou que não tinha "nada contra" o ministro do STF e que não tinha ligações políticas. Porém, o empresário é filiado ao PSD, que afirmou à Coluna do Estadão que irá abrir um processo na Comissão de Ética protocolar uma expulsão da sigla.
"Nunca imaginei que eu ia passar por isso nessa idade, já aposentado", disse. "Vamos aguardar as próximas etapas. Não tenho nada contra a pessoa dele. Não sou ligado à política, não sou ligado a nada", disse Mantovani.
'Briga foi por sala VIP'
O advogado da família afirmou que o início da briga não teria sido motivada por questões políticas. Segundo Tórtimo Filho, o tumulto se iniciou por conta de uma disputa por espaço na sala VIP do Aeroporto de Roma. O casal não teria conseguido entrar pela falta de cadeiras disponíveis e teria se incomodado ao ver Moraes e a sua família. "Para político tem lugar, para gente com criança, com idoso não tem", teria dito Andreia, segundo o advogado Tórtima Filho.
'Não foi nada de extraordinário'
Segundo Mantovani, o ocorrido com a família de Moraes em Roma "não foi nada extraordinário". Ele também disse que a confusão envolveu mais pessoas, mas que ele "pagou o pato" após o fim do tumulto. "Houve ali uma pequena confusão de alguns brasileiros, alguns foram embora e quem pagou o pato fomos nós, mas tudo bem, a gente tem que aguardar", disse.
"Na minha opinião não foi nada de tão extraordinário. Não gostaria de comentar nada para evitar, sabe, ódio, um revanchismo. Não gostaria disso nesse momento. Não gostaria de fazer nenhum comentário até que possa saber aquilo que eles possam dizer que eu fiz", afirmou o empresário.
Corretor disse que não participou das agressões
Na manhã do domingo, 16, o empresário e corretor de imóveis, Alex Zanatta Bignotto prestou depoimento na PF de Piracicaba. Ele é o genro de Roberto Mantovani Filho e Andréia Munarão e também é acusado de hostilizar e agredir o magistrado e o seu filho.
No seu depoimento, Zanatta disse à Polícia Federal que "não participou do início do problema, da discussão". Tórtima Filho, que também é o advogado do corretor, disse que o acusado "foi chamado quando a situação praticamente já estava contornada, resolvida" e não agrediu ou ofendeu ninguém.
"Ele deixou claro que não fez qualquer ofensa ao ministro e também que os demais familiares do sr. Roberto (Mantovani), inclusive, ele, negaram as ofensas que foram ventiladas", afirmou o advogado.