Um grupo de índios da etnia guarani, que há dois meses ocupou terras consideras ancestrais em Mato Grosso do Sul, está sendo alvo de inúmeras ameaças por pistoleiros a serviço de fazendeiros da região, denunciou nesta terça-feira a ONG Survival International.
Junto à denúncia, a ONG de defesa dos direitos humanos ainda divulgou um vídeo gravado por um dos integrantes da comunidade guarani Pyelito Kue, no qual pistoleiros aparecem efetuando disparos ao ar em um lugar próximo à área ocupada pelos índios.
De acordo com um comunicado da organização, o vídeo "mostra integrantes de um violento grupo de pistoleiros que atemoriza a comunidade guarani desde que esta retornou a sua terra ancestral".
Neste aspecto, a organização suspeita que os pistoleiros foram "contratados por um criador de gado que ocupa a terra desta comunidade indígena, que foi usurpada na década de 1970 para ser usada para pecuária".
Desde que os guaranis de Pyelito Kue retornaram a esta terra, em fevereiro deste ano, os pistoleiros tentam amedrontar os índios com ameaças, uso de arma de fogo e com a proibição da entrada das equipes do serviço público de saúde.
No último ataque deste tipo, segundo a denúncia, uma mulher ficou ferida e muitos guaranis foram obrigados a fugir.
Os índios asseguram ter denunciado as agressões perante a Polícia e a Fundação Nacional do Índio (Funai), embora nenhuma medida tenha sido adotada para contornar essa situação.
Os índios, que montaram seu acampamento em uma fazenda conhecida como Cambará, situada às margem de uma estrada regional e a cerca de 35 quilômetros da cidade de Iguatemi, anunciaram em uma carta pública divulgada em 2012, quando ainda não estavam no local, que retornariam e resistiriam em suas terras a qualquer custo.
Os guaranis reivindicam uma área de 41.571 hectares que já foi identificada como terra indígena por técnicos da Funai, mas que ainda não foi delimitada pelas autoridades.
Segundo a Survival International, a polícia ordenou recentemente o fechamento de uma empresa de segurança privada acusada de ter assassinado pelo menos dois líderes guaranis no Mato Grosso do Sul.
Para o diretor da Survival International, Stephen Corry, o vídeo deixa claro o assédio e a intimidação que os índios sofrem por tentar retomar suas terras.
"É demais pedir às autoridades brasileiras, levando em conta os bilhões que estão sendo gastos na Copa do Mundo, que afronte este problema de uma vez por todas em vez de seguir tolerando que a miséria dos indígenas prossiga?", questionou Corry.