Operador de Cabral cita mesada de R$ 150 mil para Pezão

14 jan 2020 - 17h05
(atualizado às 17h27)

O delator Sérgio de Castro Oliveira, mais conhecido como 'Sergião', disse nesta terça-feira que o ex-governador do Rio Luiz Fernando Pezão (MDB) recebia mesadas de até R$ 150 mil quando era secretário no governo Sérgio Cabral (MDB). Pezão ocupou as Secretarias Estaduais de Obras e Infraestrutura, além de ter sido vice-governador. 'Sergião' prestou depoimento na 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, ao juiz Marcelo Bretas.

'Sergião' já colaborava com as investigações, mas agora virou, oficialmente, delator. O interrogatório deu-se no âmbito da Operação Boca do Lobo, que prendeu Luiz Fernando Pezão em novembro de 2018. O ex-governador do Rio chegou a comparecer para depor nesta tarde, mas, por um aspecto técnico ligado à delação premiada de 'Sergião', o testemunho foi suspenso por Bretas, que mostrou insatisfação com o Ministério Público Federal (MPF) por uma suposta demora na análise do conteúdo da colaboração.

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Governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão
Governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão
Foto: Fabio Motta/Estadão / Estadão Conteúdo

De acordo com o que determinou, recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF), as defesas de réus têm que ter acesso às delações para, então, serem ouvidas por último no processo. Os advogados de Luiz Fernando Pezão ainda não pegaram o material entregue pelo delator ao MPF.

Segundo 'Sergião', o dinheiro era entregue entre os dias 15 e 20 do mês. "Se passasse muito, tinha reclamação", afirmou. Conforme ele, a mesada começou em R$ 50 mil no início da administração Cabral e chegou a R$ 150 mil. O pagamento seria uma forma de "parabenizar" os secretários pelo "bom trabalho" realizado.

A operação é um desdobramento da Lava Jato fluminense. Pezão é acusado de dar continuidade ao esquema de corrupção do antecessor e aliado, Cabral, preso desde novembro de 2016 e cujas penas já somam 267 anos de detenção. A denúncia contra Pezão, apresentada pelo MPF, diz que ele recebeu cerca de R$ 40 milhões em propina.

As informações que embasaram a denúncia partiram da delação premiada de Carlos Miranda, apontado como um dos operadores de Cabral na organização criminosa. De acordo com Miranda, Pezão recebia uma espécie de mesada no valor de R$ 150 mil, além de bonificações - como se fosse um contrato de carteira assinada. A versão bate com o que disse 'Sergião'.

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Pezão estava em prisão preventiva desde novembro de 2018, quando foi detido em pleno Palácio Guanabara, a pouco mais de um mês de completar o mandato. Ele não tem condenação judicial em nenhuma instância. Em dezembro, por entender que o ex-governador não representava mais uma ameaça às apurações - que era o argumento da preventiva -, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandou soltá-lo. Ele cumpre, agora, medidas cautelares: não pode, por exemplo, deixar o Estado ou ocupar cargos públicos. Também é obrigado a usar tornozeleira eletrônica.

Advogado diz que acusações não procedem

Na saída do prédio da Justiça Federal, o advogado do ex-governador, Flávio Mirza, afirmou que as acusações do delator não procedem. "Estamos trabalhando para demonstrar a erronia dessas acusações", disse. O novo interrogatório de Pezão está marcado para o início de fevereiro. De acordo com Mirza, ele demonstrará à Justiça que as alegações são falsas.

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