Após a prisão do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, a oposição acusou nesta sexta-feira o governo de ter tentado blindá-lo na CPI mista que investiga a estatal no Congresso. Na última terça-feira, parlamentares da base aliada da presidente Dilma Rousseff esvaziaram a sessão para evitar a aprovação de requerimentos de convocação de Duque e do presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado.
“Na verdade toda ação do governo é para encobrir e impedir o avanço da apuração do petrolão. Esta semana, a gente tentou convocá-lo e eles esvaziaram a CPI. Por ironia do destino, foi decretada a prisão”, disse o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), que pretende insistir na tentativa de ouvir o ex-diretor. “Agora eu quero ver qual o argumento do governo, se a bancada vai ter coragem de impedir”, acrescentou.
O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), que integra a CPI, também lembrou, em um texto publicado no Facebook, da manobra feita pela base governista na CPI. Ele foi um dos parlamentares que protestou no encerramento da reunião da comissão na última terça-feira.
“Agora eu entendo por que o PT, nesta última terça, não apareceu na reunião da CPMI da Petrobras para votar as convocações dos ex-diretores da empresa! Um dos convocados, Renato Duque, indicado na gestão Lula/Dilma, acaba de ser preso pela Polícia Federal! Com seus atos, o PT demonstra que, além de não combater a corrupção, está se tornando o maior encobertador de bandidos do país!”, escreveu.
Responsável por licitações da construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, Renato Duque foi preso na sétima fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi preso em março, em fase anterior da mesma investigação. Ele decidiu fazer um acordo de delação premiada para reduzir sua pena em troca de informações.