Os partidos e movimentos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro não irão às ruas no feriado da Proclamação da República, no dia 15 de novembro. Há alguns meses, a data estava prevista na agenda de atos contrários ao mandatário. Com o pouco respaldo encontrado nas instituições depois das últimas manifestações, contudo, optou-se por não convocar novas passeatas.
O afastamento de Bolsonaro é considerado quase impossível no atual cenário. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e o procurador-geral da República, Augusto Aras, não demonstraram até hoje vontade de levar Bolsonaro a julgamento pelos crimes que, segundo relatórios como o da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e pedidos enviados por partidos e a sociedade civil, ele teria cometido nos cerca de três anos de governo.
Oficialmente, o argumento para não ocupar as ruas no feriado é o de que a data é muito próxima ao 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, quando militantes da causa antirracista vão às ruas. A campanha Fora Bolsonaro, por exemplo, decidiu juntar forças com o movimento negro, em vez de puxar um ato específico com foco no impeachment de Bolsonaro.
O último protesto contra o presidente convocado pelos movimentos e os partidos de esquerda foi em 2 de outubro, com alta adesão em algumas capitais. Antes, em setembro, os atos mobilizados por grupos historicamente antipetistas, como o MBL e o Vem Pra Rua, reuniram poucas pessoas.
Esses dois blocos de manifestações - o da esquerda e o dos movimentos de direita ex-bolsonaristas - foram planejados logo após o feriado de 7 de setembro, No Dia da Independência, convocados pelo presidente, milhares de bolsonaristas foram às ruas em todo o País para defender pautas antidemocráticas. Os atos tiveram a presença do Bolsonaro. Na ocasião, ele atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
As últimas pesquisas feitas por diversos institutos têm mostrado que mais da metade dos brasileiros considera o governo Bolsonaro ruim ou péssimo. No levantamento Exame/Ideia, por exemplo, 52% avaliam o mandato dessa forma. As pesquisas eleitorais para 2022 também pintam um cenário desfavorável. O presidente aparece normalmente na casa dos 20%, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com folga, com números acima dos 40%.