Partidos de oposição protocolaram nesta segunda-feira pedido pela abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Casa. O petista pediu licença do mandato após suspeitas de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal.
A representação do PSDB, DEM e PPS começou a ser elaborada depois de noticiado que Vargas viajou em um jatinho pago pelo doleiro, investigado em uma operação da PF contra um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. No último fim de semana, novos diálogos envolvendo o parlamentar e o doleiro foram divulgados.
A representação no Conselho de Ética pode levar à cassação do deputado. Para isso, o processo precisa passar pelo colegiado e depois pelo plenário da Câmara, onde agora a votação é aberta.
Para a oposição, há suspeita de vantagem indevida na solicitação e no fretamento do avião, com custo estimado em R$ 100 mil. As conversas que o petista manteve com o doleiro sobre um contrato da empresa Labogen com o Ministério da Saúde configuram, segundo a representação, “prática de irregularidades graves no desempenho do mandato, na medida em que tais informações e o eventual acesso privilegiado a autoridades” foram obtidas “apenas e tão somente em função do exercício do mandato de deputado federal”.
No ofício, as legendas pedem que o próprio Vargas deponha no Conselho de Ética e solicitam oitiva de testemunhas, em especial do doleiro Alberto Youssef. O requerimento também pede que sejam solicitadas à PF as provas que envolvam o deputado.
Psol faz novo pedido de investigação
O líder do Psol na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), apresentou novo pedido nesta segunda-feira no qual pede apuração de denúncias envolvendo André Vargas (PT-PR). A legenda já havia solicitado a investigação pela Corregedoria da Casa, mas um parecer defendeu o arquivamento do pedido.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ainda não se manifestou sobre a solicitação, mas tende a seguir a opinião da Secretaria-Geral da Mesa da Câmara. O órgão técnico classificou o ofício da legenda como vago, sem apresentar provas contra o petista.
O Psol, por sua vez, afirma no novo pedido que o próprio André Vargas subiu à tribuna da Câmara e reconheceu ter viajado em um avião pago pelo doleiro e classificou sua conduta como imprudente. ”Vê-se que o parecer não levou em consideração o discurso proferido em plenário pelo próprio deputado”, diz o novo ofício.
O documento cita diálogos interceptados pela PF em que Vargas e Youssef conversam sobre um contrato da empresa Labogen com o Ministério da Saúde. “Você vai ver quanto isso vai valer... tua independência financeira e nossa também, é claro”, diz o doleiro para o deputado, em um dos diálogos.
Para o líder do Psol, as falas comprovam a necessidade de apuração dos fatos pela Corregedoria da Câmara, com contribuição da Polícia Federal. O processo envolvendo a corregedoria é mais longo e precisa passar novamente pela mesa diretora, podendo levar o caso para o Conselho de Ética, já acionado diretamente pelos partidos de oposição.