Pacheco é 'lançado' ao Planalto em jantar na casa de Ibaneis

Governador do DF se refere ao presidente do Senado como próximo 'presidente da República' em evento para advogados; no menu, whisky, vinho e paella com camarões

21 out 2021 - 08h04
(atualizado às 08h13)

Uísque, vinho e paella com camarões com um palmo de comprimento compunham o menu de um jantar na suntuosa casa do governador Ibaneis Rocha (MDB), em Brasília, na noite desta terça-feira, 19. O evento, realizado sob pretexto de homenagear integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público em fim de mandato, acabou sendo palco do anúncio da campanha do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, à Presidência da República, em 2022.

Presidente do Legislativo, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em Brasília
11/02/2021 REUTERS/Adriano Machado
Presidente do Legislativo, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em Brasília 11/02/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Na mesma noite, Pacheco comunicou o presidente nacional do DEM, ACM Neto, que deixaria o partido para se filiar ao PSD de Gilberto Kassab. Mais cedo, Ibaneis havia recebido das mãos do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, a medalha Raymundo Faoro. Neste evento, chamou os conselheiros para o jantar, com a promessa de ser um encontro da advocacia. Na porta da residência, os seguranças perguntavam aos convidados: "É da OAB ou do CNMP?". Aliado do presidente Bolsonaro, Ibaneis, que é advogado, foi presidente da Ordem em Brasília. A justificativa do evento era homenagear as conselheiras Sandra Krieger e Fernanda Marinela, representantes da OAB no CNMP que estão em fim de mandato.

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Durante o jantar festivo, Ibaneis foi ao centro do salão, pegou o microfone e prestou suas homenagens às conselheiras, aproveitando também para chamar ao local Santa Cruz e o presidente do Senado - que é advogado e foi conselheiro federal da OAB em Minas Gerais em 2012. Ao anunciar Pacheco, o emedebista disse que estava passando a palavra ao próximo "presidente da República".

O senador não fez discurso em tom de campanha, mas assentiu e falou sobre sua carreira política, desde quando era um deputado discreto de Minas Gerais, muitas vezes reconhecido entre os colegas no Congresso somente por ser do MDB mineiro.

O cardápio de frutos do mar foi servido por um ex-chef do Piantella, tradicional reduto de políticos de Brasília, que fechou as portas no ano passado, após 42 anos, e já pertenceu ao criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Aos convidados, ele contou histórias de Ulysses Guimarães - foi no Piantella que políticos articularam as Diretas Já.

A residência luxuosa de Ibaneis costuma ser palco para eventos deste tipo. Foi comprada pelo governador especialmente para grandes jantares. Localizada no Lago Sul, onde moram políticos e ministros do Judiciário, a casa tem dois mil metros quadrados e foi adquirida pelo emedebista no início de 2019, por R$ 24 milhões - sendo R$ 19 milhões com recursos próprios e outros R$ 5 milhões oriundos de um empréstimo do BRB, controlado pelo governo de Brasília.

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Ao Estadão, Ibaneis afirmou que "torce para um nome mais centro" em 2022, disse que considera Pacheco "um bom nome", mas que ainda "é cedo para qualquer definição."

Além do governador, o presidente do Senado receberá o apoio de Felipe Santa Cruz, que deve se filiar também ao PSD em fevereiro do ano que vem, após deixar a entidade. O jantar também serviu para apaziguar a relação entre o do presidente da OAB e o governador, que foram rivais na disputa do comando da Ordem. Dias Toffoli - que também foi homenageado pela OAB naquela tarde - era esperado, mas acabou não aparecendo. /COLABOROU DAVI MEDEIROS

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