Beto Richa sobre repressão a professores: “Sofro com isso”

Em primeira manifestação condenando violência policial usada por seu governo, governador pediu volta do diálogo com professores

8 mai 2015 - 19h28
(atualizado em 16/5/2015 às 19h15)

O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), se manifestou nesta sexta-feira, pelo Facebook, sobre a crise pela qual passa seu governo, após as saídas dos secretários de Educação e Segurança Pública e do comandante geral da Polícia Militar (PM), ocasionadas pela repressão violenta da PM a uma manifestação de professores no dia 29 de abril, em Curitiba. "Tenho consciência que nada apagará da minha alma a tristeza que sinto com este episódio, lamentável sob todos os lados. Não pouparei esforços para restabelecer o diálogo com os servidores e com a sociedade paranaense, porque é nisso que eu acredito, no entendimento, na busca do bem comum", escreveu o governador.

Beto Richa pediu para "virar a página"
Beto Richa pediu para "virar a página"
Foto: Wikipédia

Esta foi a primeira manifestação de Richa condenando o episódio. Logo após a repressão policial, que terminou com ao menos 170 manifestantes feridos, o governador culpou "black blocs" infiltrados no protesto pelo início da violência.

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"Toda e qualquer forma de violência deve ser repudiada. Sofro com isso mais do que você possa imaginar. Quem me conhece sabe que sempre fui uma pessoa acessível, aberta, uma pessoa do diálogo. A verdade é que o confronto nunca é desejável. Principalmente para quem, como eu, cultiva valores éticos e cristãos. Sempre acreditei que o respeito às ideias divergentes é um dos pilares da democracia e não posso concordar jamais com atitudes que coloquem em risco a vida de alguém. Venha de onde vier, a violência e a intolerância são sempre condenáveis.", continuou o tucano.

Os docentes do Estado estão em greve e têm recebido demonstração de apoio de diversos setores da sociedade paranaense. O desgaste do governo pelo episódio fez o então secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, e o comandante geral da PM, Cesar Vinicius Kogut, trocarem acusações. Francischini afirmara que não teria sido informado da ação da PM. Kogut e outros 15 coroneis da corporação assinaram um manifesto de repúdio às declarações do secretário, relatando que ele esteve a par de toda a estratégia adotada. Ambos acabaram caindo, assim como já havia deixado o cargo o secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira.

No momento do confronto, os professores protestavam em frente à Assembleia do Paraná contra projeto do Executivo que alterou a ParanaPrevidência, e que estava sendo votado pelo Legislativo. Richa negou que o projeto represente perda de direitos aos servidores públicos: "Ao contrário do que alguns tentaram dizer à população, as mudanças na ParanaPrevidência não retiram nenhum direito dos servidores públicos. O Estado também não vai sacar os recursos lá depositados, que só podem ser usados para o pagamento de aposentados e pensionistas. O que houve foi apenas uma alteração no plano de custeio de aposentados e pensionistas. E o Estado do Paraná continua sendo o responsável maior pelo pagamento desses benefícios", escreveu.

Por fim, o governador tucano pediu para "virar a página": "O Paraná precisa do esforço e do compromisso de cada um de nós para seguir adiante. Vamos virar a página do “quanto pior, melhor”. Vamos acreditar que as crises podem e devem ser superadas. Com trabalho, determinação e verdade. Toda a estrutura do Governo está mobilizada para alcançar os resultados que o Estado precisa e merece".

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Confira a íntegra do texto publicado por Beto Richa:

"O silêncio que guardei nos últimos dias serviu para uma reflexão profunda sobre os acontecimentos do dia 29 de abril, na Praça Nossa Senhora de Salete, em Curitiba. Desde então, adotamos uma série de medidas, que incluiu a troca de secretários e mudanças na legislação.

Entretanto, tenho consciência que nada apagará da minha alma a tristeza que sinto com este episódio, lamentável sob todos os lados. Não pouparei esforços para restabelecer o diálogo com os servidores e com a sociedade paranaense, porque é nisso que eu acredito, no entendimento, na busca do bem comum.

Toda e qualquer forma de violência deve ser repudiada. Sofro com isso mais do que você possa imaginar. Quem me conhece sabe que sempre fui uma pessoa acessível, aberta, uma pessoa do diálogo.

A verdade é que o confronto nunca é desejável. Principalmente para quem, como eu, cultiva valores éticos e cristãos. Sempre acreditei que o respeito às ideias divergentes é um dos pilares da democracia e não posso concordar jamais com atitudes que coloquem em risco a vida de alguém. Venha de onde vier, a violência e a intolerância são sempre condenáveis.

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Ao contrário do que alguns tentaram dizer à população, as mudanças na ParanaPrevidência não retiram nenhum direito dos servidores públicos. O Estado também não vai sacar os recursos lá depositados, que só podem ser usados para o pagamento de aposentados e pensionistas.

O que houve foi apenas uma alteração no plano de custeio de aposentados e pensionistas. E o Estado do Paraná continua sendo o responsável maior pelo pagamento desses benefícios.

Para que você tenha uma ideia, mesmo com a mudança, o Estado vai continuar gastando R$ 380 milhões por mês com o pagamento de 106 mil aposentados e pensionistas. Já a contribuição dos servidores continuará sendo de R$ 75 milhões por mês.

O nosso maior compromisso é com todos os paranaenses, que esperam mais investimentos em serviços essenciais, como saúde, educação e segurança, em obras de infraestrutura vitais para o crescimento econômico e a geração de novos empregos.

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Por tudo isso, peço humildemente a sua compreensão. O Paraná precisa do esforço e do compromisso de cada um de nós para seguir adiante. Vamos virar a página do “quanto pior, melhor”. Vamos acreditar que as crises podem e devem ser superadas. Com trabalho, determinação e verdade. Toda a estrutura do Governo está mobilizada para alcançar os resultados que o Estado precisa e merece".

Fonte: Terra
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