"Parcialidade de Moro é enterro sem honras da Lava Jato"

Ex-deputado e jornalista diz que estratégia de tentar reduzir danos à operação fracassou, e fala em 'incógnita' sobre 2022

10 mar 2021 - 05h10
(atualizado às 07h22)

Na opinião do ex-deputado federal e jornalista Fernando Gabeira, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin de anular os processos relativos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato em Curitiba foi uma tentativa de reduzir os danos causados à Lava Jato, mas a estratégia, aparentemente, fracassou.

O jornalista e ex-deputado federal Fernando Gabeira
O jornalista e ex-deputado federal Fernando Gabeira
Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO / Estadão Conteúdo

Para ele, se o ex-juiz titular da 13ª Vara Criminal na capital paranaense for declarado suspeito pela Segunda Turma da Corte a operação - que considera uma das mais produtivas no combate à corrupção - será enterrada "sem honras". Gabeira considera que a forma como Lula irá se colocar em 2022 "ainda é uma incógnita".

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  • O que representa a decisão do ministro Fachin de declarar a nulidade dos processos que envolvem o ex-presidente Lula na Lava Jato em Curitiba?

A decisão do Fachin ao julgar a incompetência de Curitiba foi uma tentativa de evitar mais estragos na Lava Jato caso Moro fosse considerado parcial. Parece que a estratégia fracassou. No caso da parcialidade de Moro, os processos recomeçam do zero e vão surgir novos recursos de outros acusados.

  • O que significa a manutenção do julgamento da 2ª Turma do Supremo sobre a suspeição de Moro no caso do triplex?

A julgar pelo voto de Gilmar Mendes, que é o adversário mais antigo e consistente da operação, a declaração da parcialidade de Moro decreta também o enterro sem honras da Lava Jato, que foi umas das mais produtivas, considerando que outras operações contra a corrupção, como Satiagraha e Castelo de Areia, nem sequer decolaram.

  • Moro ainda é um ator com protagonismo na cena eleitoral do próximo ano?

Moro mantém um alto nível de popularidade, mas parece não ser vocacionado para a política.

  • A antecipação do processo eleitoral de 2022 terá algum efeito num cenário de agravamento da pandemia?

A antecipação do processo eleitoral em plena pandemia pode talvez forçar Bolsonaro a adotar a tese da vacinação em massa e, no campo da economia, vai levá-lo a abandonar os resquícios de liberalismo.

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  • Lula favorece ou atrapalha uma eventual frente de centro-esquerda ou da esquerda na eleição de 2022?

Ainda é uma incógnita como Lula vai se colocar e outra incógnita é a definição de candidatos do centro.

  • O retorno da polarização que dominou a disputa de 2018 é mesmo uma boa notícia para o presidente Bolsonaro?

Há eleitores de Lula e eleitores de Bolsonaro. E leitores de nenhum nem outro, só que essa expressão engloba vários nomes.

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